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Da invisibilidade à inovação social das agricultoras familiares quilombolas
Tainara Biavatti, Raquel Breitenbach

Última alteração: 22-12-2023

Resumo


O trabalho das mulheres agricultoras quilombolas é frequentemente subestimado e invisibilizado, apesar da contribuição para a subsistência das comunidades e a preservação das tradições agrícolas. Este estudo discute a invisibilidade de gênero, analisando, à luz da teoria de inovação social, as contribuições das mulheres agricultoras quilombolas para a sustentabilidade e o desenvolvimento comunitário. A pesquisa aborda questões como reconhecimento das atividades agrícolas das mulheres rurais, autonomia e oportunidades, políticas públicas e igualdade de gênero, consumo e produção responsável, empreendedorismo e a inovação social rural. A compreensão dessas questões é fundamental para pensar sobre o papel das mulheres quilombolas no campo de estudos da inovação social rural. Em termos metodológicos, o presente estudo é uma pesquisa exploratória em estágio inicial, cujos dados empíricos foram coletados por meio de uma entrevista piloto com duas mulheres agricultoras quilombolas, residentes no Quilombo da Arvinha, na região Alto Uruguai no Rio Grande do Sul. A escolha dessas mulheres foi pela sua inserção social e comunitária e por serem representantes de suas pares. O roteiro de entrevistas foi elaborado tomando como base as teorias de inovação social e sustentabilidade, bem como referências teóricas que debatem as questões de gênero no meio rural. As entrevistas foram realizadas em agosto de 2023, presencialmente, após parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas pelo método análise de discurso BARDIN. As entrevistadas são negras, remanescentes de quilombolas, com 55 e 33 anos, trabalham conjuntamente em 1,5 hectare de terra, nos quais produzem alimentos para subsistência e comercialização. A produção dos hortifrutigranjeiros, orgânicos e biológicos, é realizada em estufas e comercializada diretamente ao consumidor no mercado local e regional, com divulgação por meio de redes sociais. A renda obtida é considerada suficiente para  a sobrevivência familiar e confere autonomia feminina. As atividades comerciais têm a proatividade das mulheres, as quais desempenham as atividades de produção e comercialização. Os recursos que entram são de uso familiar, mas as atividades desenvolvidas pelas mulheres permitem que elas tenham autonomia financeira e possam comprar e fazer aquilo que elas desejam sem precisar solicitar recursos aos parceiros. Isso demonstrou o empreendedorismo feminino e a inovação social, gerando riqueza familiar, desenvolvimento comunitário com alimentos de qualidade e, especialmente, igualdade de gênero. Porém, elas demandam de um olhar especial das políticas agrícolas e alertam que sofrem exploração de órgãos locais que se aproveitam da ignorância de familiares analfabetos. Os resultados evidenciam que as mulheres rurais quilombolas são empreendedoras, têm o seu espaço quanto à igualdade de gênero, praticam a agricultura de forma responsável, com ações em favor do desenvolvimento comunitário contribuindo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

Palavras-chave


Mulheres rurais; Igualdade de gênero; Inovação social rural.

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