A economia circular tem como prática reduzir a produção de novos produtos no planeta, diminuir a criação de novos resíduos, prolongar a vida útil e reutilizar os produtos que já existem. Porém, essa prática não é uma escolha para todos, pois, muitas vezes, torna-se um processo de subsistência para as pessoas mais vulneráveis. Uma parcela significativa da população mundial atua no setor informal, impulsionando a prática da economia circular. A população vulnerável realiza alguns trabalhos antes do consumo final, tais como: reparos, reciclagem, manutenção e conserto de objetos e roupas que já existem. O presente estudo busca aprofundar o conhecimento sobre esse tema e melhor compreender o comportamento de consumo das pessoas de baixa renda e escolaridade no setor de moda. O estudo analisou a transcrição de quatro grupos focais realizados com esse público, na cidade de Viamão, no Rio Grande do Sul. Percebeu-se que a ação feminina tem papel fundamental nos trabalhos que possibilitam o consumo dentro de uma perspectiva da economia circular. No meio familiar, as mulheres realizam os reparos nas vestimentas, visando prolongar a vida útil das roupas ou transformá-las em novas peças. Quando recebem doação de roupas, as mulheres fazem a logística de consumo, encontrando um destino para as roupas que chegam até elas. Muitas vezes, as peças não servem em seus filhos ou cônjuges, mas podem ser aproveitadas por outras pessoas. Essa ação se dá pelo envolvimento delas com a sua comunidade, não só com a sua família de convívio direto, mas também com parentes distantes e vizinhos. A ação feminina tem o intuito de dar um destino final e útil às peças que recebem. Apesar de muitas vezes imperceptível, o trabalho da mulher é fator essencial para possibilitar o consumo em comunidades vulneráveis, além de promover a economia circular. Diante disso, conclui-se que a partir do estudo realizado percebe-se características do consumo vulnerável na moda, destacando a importância do papel da mulher neste meio.