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Terrorismo de Estado em tela: representações da tortura e desaperacimento em filmes sobre as ditaduras civil-militares do Conesul
Víctor Augusto Neris, Letícia Ferreira, Vitória Deitos

Última alteração: 22-12-2023

Resumo


A pesquisa aqui referida foi concebida no intuito de investigar as produções audiovisuais que abrangem os eventos que ocorreram nos períodos das Ditaduras civil-militares de Segurança Nacional na região do Conesul, focando as representações do Terrorismo de Estado em filmes dos seguintes países: Argentina, Brasil e Uruguai. O principal objetivo da pesquisa é investigar a forma com que são representados os métodos de tortura e do desaparecimento de militantes políticos realizados pelos agentes dos Estados de exceção. Estas práticas possuíam o intuito de instaurar e propagar  uma cultura do medo, à qual a população era submetida compulsoriamente. Foram selecionadas quatro produções cinematográficas sul-americanas: Uma noite de 12 anos (2018), filme uruguaio que apresenta a tortura realizada nos quarteis e a violência do Estado ditatorial por meio do olhar de três prisioneiros; Zuzu Angel (2006), filme brasileiro em que o foco é o desaparecimento de opositores do regime e a procura de seus familiares por indicações do paradeiro de seus entes queridos; Batismo de Sangue (2007), outra obra brasileira, na qual é exposta de modo explícito a tortura executada por membros das forças armadas brasileiras; A História Oficial (1985), obra argentina que discorre sobre o desaparecimento de militantes políticos, em particular a situação de crianças desapropriadas de seus familiares que confrontavam o governo ditatorial. Quanto à metodologia aplicada, de caráter qualitativo, baseou-se na vasta revisão bibliográfica e fichamento dos filmes, atentando-se às cenas em que se fazia presente as diferentes formas de violência aplicadas pelo estado e caracterizando os personagens que viviam tais abusos. Foram observados os episódios de violência na perspectiva dos personagens que foram vítimas destes regimes de exceção, avaliando os efeitos causados ao âmbito psicológico e físico destes, além dos impactos em seus familiares e também na sociedade como um todo. Assim, é possível perceber que no filme uruguaio, o foco está no sofrimento psicológico dos prisioneiros, proibidos de se comunicar e detidos em locais muito pequenos, enquanto o filme Batismo de Sangue a tortura é apresentada de modo explícito, com o uso de sevícias como o pau-de-arara. O filme argentino A História Oficial apresenta a tortura a partir da descrição das lembranças de uma personagem, enquanto em Zuzu Angel o foco é a prática de desinformação das ditaduras, impossibilitando que os familiares encontrem os corpos dos militantes assassinados. Assim, a pesquisa permitiu observar que o cinema é um aparato de suma importância para a assimilação dos atos efetuados pelos Estados de exceção, bem como para o estabelecimento de políticas de memória, visando o impedimento de novos episódios semelhantes.


Palavras-chave


Cinema, Ditadura civil-militar, Terrorismo de Estado

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