Uma parte expressiva da população brasileira se enquadra em algum caso de vulnerabilidade, seja social, financeira ou ambas. No presente estudo, buscou-se compreender como consumidores de baixa renda e escolaridade se relacionam com as suas peças de roupa dentro da economia circular. Dentro dessa perspectiva, cidadãos em vulnerabilidade possuem intensa participação. A economia circular, que propõe reutilização de recursos e matérias-primas, está em discussão há certo tempo, porém, pode-se observar os vestígios de sua pré-existência precária no cotidiano brasileiro. Para o desenvolvimento desta pesquisa, foram analisadas as transcrições de quatro grupos focais com ênfase em cidadãos vulneráveis de baixa renda e escolaridade. As respostas obtidas foram divididas em quatro categorias, sendo elas: i) “Aquisição de roupas”, onde é demonstrado que a maior parte do vestuário desta população deriva de doações e roupas adquiridas de segunda mão, como brechós e afins; ii) “Escolha de roupas” atesta que as duas principais preocupações destas pessoas são “financeiras” ou “individuais”, entretanto, alguns entrevistados indicaram preferências em relação à utilização de roupas que estão na moda, mesmo que sejam versões falsificadas, indicando a natureza social que o vestuário implica nas pessoas; iii) na categoria “Economia Circular” torna-se claro que a população vulnerável realiza práticas sustentáveis, muitas vezes de modo corriqueiro, sem a percepção do emprego dessas ações em sua rotina; iv) em “Sentimentos” compreendemos a ligação pessoal das vestimentas com o ser humano, evidenciando que preferências e pessoalidades ocorrem independentemente do seu status. Constata-se a importância do cidadão vulnerável dentro da sustentabilidade, considerando a contribuição habitual que realizam na reutilização de roupas e tecidos. A partir do aprofundamento da temática, o presente estudo busca contribuir para o avanço na implementação de um modelo econômico mais sustentável e futuramente circular, visando a melhora nas condições de vida do consumidor vulnerável.