A decolonialidade é um caminho para resistir e desconstruir padrões, conceitos e perspectivas impostas aos povos subalternizados, se desprendendo de uma lógica de um único mundo possível e se abrindo para uma pluralidade de vozes e de caminhos. O presente trabalho é parte do projeto de pesquisa “Diálogos entre a História e a Literatura: estudo das obras de Paulina Chiziane (Moçambique) e Conceição Evaristo (Brasil) na perspectiva decolonial”, em andamento no IFRS, campus Farroupilha. Este estudo tem como objetivo compreender as relações existentes entre História e ficção e como as duas narrativas podem se entrelaçar para aprofundar o conhecimento do passado, a partir da leitura e análise das obras de Paulina Chiziane e de Conceição Evaristo e de uma concepção teórica não eurocêntrica. Desse modo, a metodologia adotada é amparada por leituras de textos teóricos e de textos literários, relacionando-os. Assim, a investigação do projeto de pesquisa parte da constatação da necessidade de se aprofundar o conhecimento histórico sobre contextos africanos e de que forma esses se relacionam com a História brasileira por meio da literatura, com destaque para as relações étnicas marcadas, em ambas as situações, por um processo de colonialismo e de seus produtos, tais como, a escravização de africanos, o racismo e a colonialidade. Para investigar essas situações, as atividades do projeto são permeadas pela análise de obras produzidas na contemporaneidade por duas mulheres negras, a saber: Paulina Chiziane e de Conceição Evaristo. Como resultados parciais, observa-se que o texto literário traz, por meio da ficção, realidades amparadas em fatos históricos, representando as experiências vividas por mulheres negras e a resistência de grupos sociais. As considerações finais reafirmam a necessidade de estudos voltados para a associação entre História e Literatura, pautados em temas que atendem a questões de colonialidade, relações étnico-raciais e de gênero. Ao explorar essa relação mergulhando em narrativas, personagens e contextos históricos, nota-se um enriquecimento do entendimento do passado e do presente, assim, os objetivos de compreender as relações existentes entre História e ficção são atingidos. É importante debater sobre a literatura negra em sala de aula para que os paradigmas do racismo da estrutura social sejam discutidos.