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Escravidão e tráfico de africanos através dos registros de batismo: notas de pesquisa (1780-1850)
Sthefany Lavinia Mello Costa, Marcelo Santos Matheus

Última alteração: 22-12-2023

Resumo


O objetivo da presente comunicação é analisar quantos escravos africanos foramlevados às pias batismais nas diferentes capelas do Rio Grande do Sul, verificando arepresentatividade de tal fonte para a análise do tráfico para o sul do Brasil. O recortetemporal inicia em 1780, quando a economia sulina começava a se integrar à economiacolonial de maneira mais orgânica, terminando em 1850, quando o tráfico atlântico deseres humanos foi definitivamente proibido. Para tanto, as fontes exploradas são osregistros de batismo das capelas das regiões Porto-charqueadora (Rio Grande, Pelotas,São José do Norte, Estreito e Povo Novo e Taim) e Campanha (Alegrete, Bagé, SãoGabriel, Uruguaiana e São Gabriel). Do ponto de vista metodológico, as informaçõescontidas nos batismos foram transcritas e armazenas em um banco de dados construídoa partir de uma tabela do Excel for Windows. Estas informações foram divididas emdiferentes categorias analíticas: nome do batizando, se africano ou nascido no Brasil, anação e/ou o grupo de procedência (no caso dos africanos), etc. Até o presente momentojá foram fichados mais de 14 mil registros de batismos, sendo que cerca de 18% do totalsão batismos de africanos. Dentre estes, a maior parte são de escravizados da ÁfricaCentral (Congo, Benguela, Cabinda, Angola, etc.), ou seja, do tronco linguístico bantu,embora a representatividade dos africanos ocidentais (em especial os Mina) sejasignificativa também. Nesse sentido, a partir destes resultados, será possível conhecerde maneira mais refinada o passado dos africanos escravizados que foramcomercializados para o Rio Grande do Sul, identificando de qual região do continenteafricano e de que cultura/sociedade os mesmos vieram. Assim, será possível entender asformas de resistência, as relações sociais produzidas, dentre outros aspectos da vida dosafricanos no sul do Brasil, bem como questionar a construção da memória construídasobre a formação social e econômica do Rio Grande do Sul.

Palavras-chave


Escravidão. Tráfico de africanos. Registros de batismo.

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