Última alteração: 21-11-2022
Resumo
Este trabalho de pesquisa busca compreender a participação das mulheres alemãs que chegaram no Rio Grande do Sul na condição de imigrantes, a partir do ano de 1824. Com o intuito de resgatar o protagonismo feminino e sua relevância na construção do espaço social habitado, buscamos unir a literatura à história para ampliar as possibilidades de análise que nos auxiliem no processo de pesquisa. Historicamente, a mulher é representada em seu papel social de coadjuvante de seus cônjuges, subjugada as relações paternalistas e colocada em posições até mesmo inferior aos homens, quando pensada como agente social de seu tempo. No decorrer da história, a mulher ou as mulheres, foram compreendidas como parte, como continuidade do gênero masculino o que acarretou a elas, uma certa invisibilidade de suas ações no tempo e no espaço que ocupavam.
A colonização no Rio Grande do Sul ocorreu sob o regime da pequena propriedade, desde seu início, com a chegada dos alemães, em 1824, e, posteriormente, em 1875, com os italianos, que marcam esse processo pelos grandes contingentes de imigrantes chegados à província, oriundos dessas localidades europeias. Muitos autores retratam que o fascínio pela posse da propriedade de terra tomava conta dos imigrantes. O imigrante esperava encontrar melhores condições de vida em seu novo destino e a possibilidade de se tornar proprietário de seu próprio lote era a maior das expectativas, visto que, pela realidade que o cercava na Europa, esse sonho se tornava cada vez mais distante.
Nesta perspectiva de pesquisa, elencamos duas obras literárias que servirão de base para a condução do estudo. As obras são do autor Josué Guimarães intituladas A Ferro e Fogo: tempo de Solidão e A Ferro e Fogo: tempo de Guerra, que tratam da imigração alemã e do processo de colonização e urbanização do Estado do Rio Grande do Sul. Como obras de ficção, elas contêm elementos textuais que permitem realizar uma reflexão quanto o olhar do narrador na construção das personagens femininas.
Outra questão importante é a relação que estabelecemos entre História e Literatura, ou seja, essa ligação nasce através do discurso, fazendo com que o historiador se aproprie do universo literário. Segundo Aquino (2016), a literatura é, além de um fenômeno estético, uma manifestação cultural; portanto, uma possibilidade de registro do movimento que realiza o homem na sua historicidade, seus anseios e suas visões do mundo. Sob essa concepção, podemos dirigir o olhar ao que está no centro da produção literária gaúcha, ou seja, a interpretação da formação da sociedade, da cultura e da delimitação do território.