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A questão de gênero no campo da Saúde: uma análise do feminino nos acervos do Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul
Última alteração: 21-11-2022
Resumo
No início do século XX, a presença feminina ainda era limitada no campo da Saúde frente ao papel dos médicos. Dessa forma, as mulheres eram inseridas em funções menos prestigiadas e voltadas, sobretudo, aos cuidados de outras mulheres e crianças, hierarquizando, através dos estereótipos de gênero, as especialidades médicas. Ao entrar em contato com os materiais digitalizados pelo projeto “Digitalização e preservação de obras raras da Saúde - possibilidades de divulgação de acervos históricos do Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul (MUHM)”, que surgiu em 2020 através de uma parceria entre o Instituto Federal do Rio Grande do Sul - Campus Osório, o MUHM e a FAPERGS, observou-se a limitada presença de mulheres nos acervos do Museu. A exclusão do feminino nos documentos analisados indica a manutenção e afirmação da desigualdade de gênero, tendo como referência temporal o século XIX e a primeira metade do século XX no Rio Grande do Sul, período abarcado pelo material. O presente estudo objetiva apresentar uma análise e mapeamento do gênero feminino nos acervos digitalizados até o momento pelo projeto apresentado. A pesquisa teve sua metodologia dividida em algumas etapas, iniciando com uma pesquisa e análise documental, explorando os acervos já digitalizados do Museu e levantando aqueles que abordassem temáticas que se voltavam ao público feminino ou tivessem mulheres como autoras. Além disso, buscou-se entender como a dimensão feminina era representada nesses documentos. Enquanto em outra etapa, realizou-se pesquisa historiográfica, onde, se procurou referências teóricas sobre a presença feminina na Saúde durante o século XIX e primeira metade do século XX para a consolidação do estudo, assim como procuramos compreender as agentes sociais femininas presentes nas obras analisadas. Em resultados iniciais dessa análise, utilizamos como exemplo o periódico “Hygia- Revista Mensal Popular de Medicina e Educação Sanitária” no qual encontramos temáticas que se voltavam ao público feminino, entre elas a ginecologia, gravidez, maternidade e infecções sexualmente transmissíveis (IST’s), além de observarmos uma presença de 5 mulheres na autoria de artigos, tendo como destaque a Drª. Aurora Nunes Wagner. Por fim, compreende-se que analisar o campo da Saúde e Medicina incorporando o gênero como uma categoria, nos permite dar visibilidade às personagens femininas em um espaço com forte domínio masculino e compreender como o gênero influencia nas definições das relações de poder na sociedade.
Palavras-chave
História da Saúde; Gênero Feminino; Digitalização de Acervos.
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