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Silvicultura para celulose e papel e transformações na cobertura do solo no Rio Grande do Sul: o caso da mesorregião sudeste riograndense
Kymberlyn Vitória da Silva Lima, Jefferson Rodrigues dos Santos, Lara Lopes Da Silva, Camila Padilha Bueno, Raissa Silva Lima

Última alteração: 21-11-2022

Resumo


A paisagem do sul do Rio Grande do Sul que povoa o imaginário popular é a pradaria. Ela resulta da fusão entre um ambiente original, o bioma Pampa, e uma sociedade que se organizou historicamente em torno das atividades agropastoris. A segunda metade da década de 2000 representou uma drástica mudança nessa paisagem típica. A incorporação do Rio Grande do Sul como um espaço de atuação de empresas do setor de silvicultura para celulose e papel representou a inserção dos grandes plantios de eucalipto para esse setor industrial com característica de grande escala dos empreendimentos. Nesse contexto, O projeto de pesquisa Análise da dinâmica territorial da silvicultura para celulose e papel no Rio Grande do Sul: da expansão aos efeitos da crise de 2008 busca responder, entre as suas frentes de investigação, questões como: quais tipos de cobertura de solo a silvicultura substituiu (agricultura, pastagem, florestas nativas, ou outras classes)? Qual seu ritmo de desenvolvimento? Entende-se aqui a dinâmica territorial da silvicultura como um conjunto de processos políticos, econômicos e técnicos ocorridos em torno das empresas de celulose e papel que ingressaram no território gaúcho em meados dos anos 2000 e suas respectivas repercussões no território. A metodologia utilizada é baseada no uso de imageamento por satélite, classificação de imagens e detecção de mudanças. As imagens de sensores orbitais são corrigidas, classificadas de acordo com o tipo de cobertura detectada. São calculadas as áreas por classe e seus respectivos comportamentos em termos de dimensões. A base de dados foi  obtida junto ao Projeto Mapbiomas, tendo como recorte espacial o estado do Rio Grande do Sul - RS e como recorte temporal os anos de 2000 a 2020. Busca-se analisar a alteração de cobertura do solo, verificando as ocorrências de crescimento, diminuição ou estagnação das bases florestais de eucalipto cultivadas no estado. Como resultados parciais da análise da mesorregião sudeste do Rio Grande do Sul, observa-se a grande transformação no tipo de cobertura de solo no intervalo 2000-2010, com crescimento da cobertura de silvicultura em quase todos os municípios da mesorregião. As maiores áreas percentuais foram identificadas nos municípios de Encruzilhada do Sul, Piratini e Canguçu, com, respectivamente 21%, 12% e 5% de seus territórios ocupados com silvicultura. Observando-se apenas o recorte regional, identifica-se a formação de um cinturão especializado em silvicultura na porção oeste da mesorregião sudeste riograndense, característica que se explica pela transição para uma estrutura fundiária de maiores dimensões e presença histórica da pecuária bovina, o que explica o recuo das pradarias paralelo ao crescimento da silvicultura. Conclui-se assim que a inserção da atividade silvicultora no estado tem sido responsável por profundas transformações no uso do território, com substituição de atividades tradicionais e formações vegetais componentes do Bioma Pampa.

Palavras-chave


Detecção de mudanças; Silvicultura; Uso do território.

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