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A Vanitas na produção pictórica de mulheres artistas: reflexões sobre a efemeridade e o feminino
Luana Pagel de Mello, Letícia Schneider Ferreira

Última alteração: 21-11-2022

Resumo


As pinturas vanitas – termo latino que designa “vaidade” ou “vazio” – estão associadas ao gênero de natureza-morta – representações pictóricas de objetos inanimados do cotidiano – e foi recorrente na Europa entre os séculos XVI - XVIII. Elas advertem para a brevidade da vida terrena e a futilidade dos prazeres mundanos. Ademais, nesse período mulheres eram proibidas de frequentar academias de Arte e eram limitadas ao ambiente doméstico. Porém, algumas mulheres conseguiram superar essa barreira e praticar a pintura. Nesse sentido, esta pesquisa limita-se à análise de obras pictóricas vanitas produzidas por mulheres ao longo da História, sob a justificativa de mensurar as contribuições femininas para os debates artísticos e filosóficos. Os objetivos foram identificar e elencar os objetos presentes nas obras, explicitar o significado deles e identificar empecilhos enfrentados pelas artistas na carreira por conta do gênero. Para isso, foi realizada uma ampla revisão bibliográfica para conceituar a vanitas e questões de gênero, selecionar artistas femininas e analisar obras delas os quais relacionam-se com o tema, bem como estudar a biografia delas. Foram escolhidas as obras A vanitas portrait of a lady (1610), de Clara Peeters (1585–1655), A Garland of Flowers, Suspended Between Two Animal Skulls, a Dragonfly Above (1652), de Michaelina Wautier (1604-1689), Still Life with Flowers, Insects and a Shell (1689), de Maria van Oosterwyck (1630–1693) e Flowers in a vase (1654), de Judith Leyster (1609-1660). Os resultados apontam que a vanitas é representada predominantemente pela natureza-morta, ainda que a figura humana possa fazer parte da composição. Objetos como a caveira humana, flores e frutos putrefatos, velas e charutos fumegantes, ampulhetas, bolhas de sabão e conchas vazias apontam para a efemeridade da vida, enquanto outros como livros, instrumentos musicais, flores, frutas, bebidas, joias e coroas representam as vaidades humanas, como a beleza, o poder, a riqueza, a fama, a intelectualidade e o prazer. Verifica-se que as mulheres apenas puderam estudar graças à ligação com homens artistas, ou por condições financeiras mais favoráveis. Em alguns casos, eram proibidas de assinar suas obras ou seus nomes foram esquecidos ao longo do tempo. Além disso, costumavam representar a vanitas de maneira delicada, por meio de flores e conchas. Assim, conclui-se que apesar das dificuldades, as artistas conseguiram obter êxito ao transmitir a mensagem da morte e da vaidade por meio do conjunto de objetos com significados profundos em suas pinturas.


Palavras-chave


Pinturas; Gênero; Morte.

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