Última alteração: 21-11-2022
Resumo
As plantas alimentícias não convencionais (PANCs) assim como as plantas medicinais (espécies vegetais usadas para prevenir, tratar ou curar algum tipo de enfermidade), muitas vezes são tratadas com descaso. Aliado a isso, a diversidade de medicamentos sintéticos e alimentos industrializados, e a falta de evidências científicas sobre os benefícios de PANCs e plantas medicinais, têm impactado no seu uso. Nosso objetivo foi investigar a biodiversidade das PANCs e plantas medicinais, através dos seus usos populares e científicos no Litoral Norte gaúcho. Buscamos resgatar e evidenciar a importância e os benefícios dessas plantas que possuem valor nutricional e medicinal, a partir da investigação dos conhecimentos empíricos de produtores e usuários dessas plantas. Partimos de uma pesquisa bibliográfica, buscando conhecer as espécies já catalogadas para a nossa região. Em seguida, realizamos uma pesquisa exploratória quali-quantitativa, com aplicação de questionários a um grupo de agricultores orgânicos de Osório - RS que possuem conhecimentos empíricos sobre PANCs e plantas medicinais. Como resultados, catalogamos as espécies de plantas com potencial alimentício e/ou medicinal presentes na região e construímos uma base de dados. Após a aplicação dos questionários, planilhamos os dados e informações coletadas, com o intuito de confrontá-los com as informações científicas obtidas na pesquisa bibliográfica. Através da planilha obtida construímos gráficos a partir de algumas perguntas presentes no questionário, e conseguimos identificar as PANCs e plantas medicinais mais citadas e as mais utilizadas por este grupo, dentre outras informações. Observamos, após análise dos dados, a presença de espécies de plantas que não haviam sido catalogadas em nossa base de dados científicos. Observamos, também, que a utilização das PANCs e plantas medicinais por esse grupo tem como base os ensinamentos passados entre grupos de produção agrícola e cursos, além de ensinamentos repassados no núcleo familiar. Ressaltamos que nossos resultados podem auxiliar na divulgação de informações, buscando orientar a comunidade regional a buscar uma dieta alimentar mais saudável e acessível a partir das PANCs e plantas medicinais, fornecer subsídios para a elaboração de políticas públicas que incentivem a produção e consumo dessas plantas de forma adequada, além de verificar lacunas no conhecimento científico sobre as espécies medicinais e alimentícias usadas na região, permitindo direcionar novos esforços de pesquisas científicas.