Última alteração: 21-11-2022
Resumo
Este trabalho concerne o desenvolvimento de um sistema de tecnologia assistiva para operação de fornos de panificação, viabilizando o uso deste por pessoas com baixa visão ou cegos. Esta é uma parcela significativa da população brasileira, de acordo com o censo 2011 do IBGE (65 milhões de pessoas). A operação de fornos é essencial para profissionais da área de panificação, e esta depende da configuração e monitoramento, em sua maioria por informações visuais. A operação autônoma por parte de profissionais com deficiência visual foi a motivação para o projeto desse sistema assistivo, que visa acrescentar uma interface de áudio a fornos em operação, consistindo em um retrofit. O sistema é composto por um dispositivo que é instalado no forno, para medir variáveis de operação deste. O dispositivo, então, transmite os dados de forma textual para um aplicativo de smartphone, utilizando os recursos nativos de texto-para-fala e acessibilidade do sistema operacional para que o usuário acompanhe o estado de operação do forno. A opção pelo aplicativo se deve pela operação mais intuitiva dos usuários do modo de acessibilidade, e pela simplificação no desenvolvimento de uma interface humano-máquina. Outra funcionalidade do dispositivo foi o de substituir o controlador do forno, caso necessário, como acabou acontecendo para a situação problema que originou o projeto. Além de controlar a temperatura do forno, foram implementados recursos como temporização e definição de temperatura de operação na própria interface do aplicativo. O dispositivo foi baseado no microcontrolador ESP32, que além de grande poder de processamento, ainda tinha como recurso nativo o suporte a WiFi, que resolvia a questão da comunicação com o aplicativo. O firmware foi desenvolvido em C, com uso do framework ESP-IDF da fabricante. O aplicativo para smartphone foi desenvolvido na linguagem Kotlin, para dispositivos Android, e se aproveita dos recursos nativos deste sistema operacional para acessibilidade, particularmente para usuários com deficiência visual, como texto-para-fala e interface diferenciada. A prototipação do sistema acabou sendo feita em uma estufa do laboratório de química do Campus Rio Grande do IFRS, uma vez que não havia um forno de panificação disponível no momento. Por terem similaridade de processo e uso, foi possível validar o conceito do sistema, e com isso também se obteve um resultado secundário notável, de um equipamento para laboratório com interface assistiva, além de recuperar o equipamento defeituoso. Como próxima etapa, pretende-se instalar o sistema em um forno e avaliar a experiência com o usuário.