Gabriel García Márquez, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura em 1982, escreveu inúmeros contos e romances. Dentre os diversos aspectos que caracterizam a sua obra, um deles é o fato de diversos personagens serem homônimos, mesmo fazendo parte de diferentes narrativas. Diante disso, perguntamo-nos em que medida eles se aproximam ou se distanciam uns dos outros a partir do modo como são elaborados pelo autor? Esse foi o principal motivo para a realização da presente pesquisa que tem como objetivos mapear os personagens presentes nas obras de Gabriel García Márquez e analisar, comparativamente, o personagem cujo nome mais se repete ao longo de seus textos ficcionais. Até o momento, fez-se a leitura das obras lançadas de 1955 até a publicação de “Cem anos de solidão”, em 1967, considerada a mais conhecida do escritor. A partir da leitura dos textos, os nomes e as informações relevantes para compreender a construção dos personagens foram registrados em uma planilha. Posteriormente, fez-se uma filtragem, observando em quais obras do recorte escolhido os nomes se repetiam. Por se tratar de uma pesquisa de cunho bibliográfico, fizemos uma investigação e levantamento de materiais teóricos que pudessem respaldar nosso estudo no âmbito da análise dos personagens. Até agora, foram utilizadas as obras teóricas “A personagem”, de Beth Brait, “Pessoas de livros”, de Carlos Reis, “A personagem na narrativa literária”, de Raquel Oliveira e Gisele Seeger, de modo a compreender os conceitos associados ao elemento narrativo em questão. Os resultados parciais mostram que o nome Rebeca está presente em cinco das obras escritas por García Márquez entre 1955 e 1967: “A revoada”, “A  má hora”, “A sesta de terça-feira”, “Um dia depois de sábado” e “Cem anos de solidão”. Em todas as narrativas, Rebeca figura como viúva e, nos dois últimos textos mencionados, percebemos que se trata da mesma personagem. Além disso, todas sofrem de algum nível de perturbação. Ainda que tais características sejam comuns entre as Rebecas que compõem as histórias, observam-se inúmeras diferenças entre elas tais como: apenas duas são descritas como belas e, dessas, somente uma é considerada sedutora. Nesse sentido, é possível dizer que as personagens de nome Rebeca são construídas de formas diferentes em cada uma das obras, ainda que se perceba, em dados momentos, a semelhança de alguns traços. Tais considerações partem de duas afirmações teóricas: a) o elemento personagem não existe fora das palavras e; b) os personagens representam pessoas. Com o intuito de ampliar o referido levantamento nas demais obras de García Márquez, esta pesquisa seguirá, aprofundando, assim, a investigação. A relevância do trabalho está em possibilitar novas interpretações da obra de García Márquez a partir da proposta de análise presente neste estudo.