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A leitura e a análise literária podem possibilitar aos leitores maior reflexão crítica acerca de temas desde os mais prosaicos aos mais complexos. Além disso, oportuniza a ampliação de seu repertório social e cultural, fazendo com que tenham uma compreensão mais aprofundada do entorno e de si mesmos. Como forma de corroborar essa ideia, optou-se por colocar em prática um estudo de análise literária que se desdobrou do projeto de extensão desenvolvido no Instituto Federal do Rio Grande do Sul - Campus Bento Gonçalves, intitulado “Sopro podcast - Ano II: um projeto de cultura e literatura”, gravado em 2022. Em um dos episódios, abordou-se a obra do escritor judeu-polonês, Isaac Bashevis Singer, que, além de textos direcionados ao público adulto, também publicou para o público infantil, registrando histórias populares inspiradas na cultura iídiche cuja estrutura narrativa se assemelha a contos populares de outras culturas. Diante disso, o objetivo do presente trabalho é apresentar uma análise textual comparativa entre os textos “Um conto de três desejos”, de Bashevis Singer, e “Desejos ridículos”, de Charles Perrault. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que, dentre as etapas já realizadas, contou com o levantamento de alguns textos teóricos relacionados com a estrutura das histórias populares infantis. Para a elaboração do trabalho, fez-se a audição do sétimo episódio do Sopro Podcast “O universal e o particular em Isaac Bashevis Singer” e, posteriormente, a discussão da narrativa “Um conto de três desejos”. O tema do texto apresentou similaridades entre o conto de Bashevis Singer e o conto “Desejos ridículos”, de Charles Perrault, e, dessa forma, realizamos uma comparação entre eles. No conto de Perrault, um pobre lenhador recebe de Zeus a oportunidade de realizar três desejos. Porém, o que seria uma solução fácil para a resolução de seus problemas, acaba se transformando em um desastre. Com relação ao conto de Singer temos uma situação parecida. Três crianças estão à espera do Hoshaná Rabá, que é o último dia da Festa dos Tabernáculos. Segundo a tradição, nesse dia, o céu se abre tarde da noite e aqueles que observam o fenômeno possuem um minuto para fazer um desejo. Da mesma forma que ocorre no conto de Perrault, os desejos das crianças acabam não surtindo o efeito pretendido. Como resultado parcial da análise é possível identificar diversas semelhanças entre os contos: a exploração do universo da tradição oral popular, a inserção de elementos próprios de sua cultura e o elemento central de caráter moralizante. Como conclusão, o estudo nos dá condições de perceber que o processo de construção das histórias infantis, ao longo dos tempos, dialoga com a cultura popular e os clássicos, visto que os assuntos abordados pela literatura são subjetivos e rompem as barreiras tanto culturais quanto temporais.

Isaac Bashevis Singer; Charles Perrault; contos infantis.