Atualmente, o hábito da leitura, sobretudo de obras ficcionais, parece ter perdido espaço frente à tecnologia presente. A rapidez e o fácil acesso a adaptações de livros em filmes ou podcasts, tornando a leitura algo mais lento e pouco atrativo. Algo que surge como uma espécie de “meio termo” é o acesso a livros como os e-books, que possibilita uma leitura “menos tradicional” e mais condizente com a nossa realidade virtual. Ainda assim, segue sendo consenso que a leitura de textos, destacadamente os ficcionais, exerce papel fundamental na formação do pensamento crítico, sendo uma habilidade que deve ser permanentemente incentivada, visto que é capaz de lançar novos olhares sobre quem somos e nosso papel na sociedade a que pertencemos. Diante disso, o Clube de Leitura do Núcleo de Línguas em Extensão do IFRS Campus Caxias do Sul (NELE) foi criado com o objetivo promover o incentivo à leitura e a valorização de autores e obras literárias de culturas e sociedades diversas e plurais, as quais são constantemente relegadas. As reuniões são abertas para comunidade externa e interna da instituição e ocorrem em formato online às quartas-feiras à noite, via Google Meet. Em cada encontro, que dura cerca de uma hora, é feita uma leitura de trechos de livros, crônicas ou de contos de autores renomados de vários lugares do mundo e, especialmente, do Brasil. Ressalta-se que os textos são enviados previamente por meio de um grupo de Whatsapp, que é acessado por um link disponível no perfil do NELE no Instagram. Dentre as leituras realizadas até o presente momento, o maior engajamento foi sobre os contos de Sherlock Holmes, uma vez que os participantes sabiam quem era o famoso detetive inglês, principalmente por causa de ter assistido filmes e séries dele, mas não pelos livros. Por outro lado, a reunião sobre o livro “Torto Arado”, um premiado livro brasileiro escrito por Itamar Vieira Junior, apresentou um menor número de pessoas no encontro e menor interação. Destaca-se, também, as reuniões com a temática de contos brasileiros, como “Flor, telefone, moça”, de Carlos Drummond de Andrade, que, apesar de poucos conhecerem o conto, as interações e discussões geradas sobre o tema foram de muito proveito, também, relatou-se sobre o descaso da literatura brasileira e a pouca valorização dada à nossa própria cultura, sendo exaltadas produções culturais estrangeiras, principalmente europeias e norte-americanas e despreza-se o que aqui se produz. Diante disso, acredita-se que, por meio do projeto “Clube de Leitura”, é possível promover um incentivo à leitura, na valorização de autores brasileiros e outras culturas marginalizadas, possibilitando desenvolver a habilidade de leitura, a ampliação do conhecimento e o favorecimento do pensamento crítico dentro de uma perspectiva que se insere nos estudos decoloniais.