O presente trabalho tem como objetivo analisar as desigualdades de classe e gênero na antiguidade através da obra A Odisseia de Penélope de Margaret Atwood. As desigualdades de classe dizem respeito ao poder econômico que hierarquiza a sociedade e as desigualdade de gênero quando um gênero se sobrepõe em detrimento de outro. Dado que a desigualdade social está presente nas relações sociais em países de todo mundo e em todos os períodos históricos, o trabalho busca entender seu funcionamento na sociedade da Grécia Antiga por meio da obra da escritora canadense, cotejando-a com a obra Odisseia de Homero. Em relação à metodologia foi realizada a leitura da obra A Odisseia de Penélope de Margaret Atwood e de cantos específicos da Odisseia de Homero. De igual modo, foi feita uma ampla revisão bibliográfica sobre o conceito de gênero, realizando fichamentos das obras. A obra analisada é uma releitura da Odisseia de Homero sob o ponto de vista de Penélope, esposa de Odisseu. A Odisseia de Penélope conta a história da própria Penélope no período em que Odisseu esteve na guerra de Tróia até o seu retorno. Essa releitura enfoca o olhar da filha de Icário, sendo ela a narradora. A obra relata seu relacionamento com o filho Telêmaco e com as escravas, além de todos as dificuldades enfrentadas por ela na ausência de Odisseu. Como resultado foi possível ressaltar que os elementos de gênero estão presentes na divisão de tarefas e modos de agir na sociedade, o que é possível verificar tanto na narrativa ficcional quanto na obra homérica. Ou seja, a feminilidade é ensinada por meio da socialização e não algo natural, e os papéis de gênero revelam também disparidades de poder. Outro ponto discutido foi a interseccionalidade. Esse conceito se refere a como cada indivíduo sofre opressões com base nas diferentes categorias sociais. Na obra A Odisseia de Penélope, as mulheres sofriam opressão dos homens em geral, mas também havia diferença conforme a classe à qual pertenciam. Por exemplo, são consideravelmente distintas as formas como as mulheres nobres e as servas eram tratadas e como deviam agir. As mulheres como um todo devem exercer funções de produção de vestuário e deveriam ser responsáveis pela alimentação e organização doméstica. Ainda assim, servas e nobres possuíam papéis sociais diferentes. As servas eram objetificadas e muitas vezes consideradas descartáveis, tanto que seus corpos são punidos com a morte devido à infidelidade aos senhores. Já as nobres tinham obrigação em relação ao casamento e a exigência de dar continuidade à descendência. Assim, é possível concluir que apesar de existirem questões que aproximam as mulheres citadas nos textos estudados, também são encontrados elementos que demonstram distinções que as afastam.