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Lutas e resistências anticoloniais: diálogos entre o pensamento de Lélia Gonzalez e a literatura evaristiana
Luana Bellini Klein, Daniela de Campos, Larissa Vitória dos Santos Eich, Caroline de Morais, Anita Amabile de Bona

Última alteração: 21-11-2022

Resumo


O presente estudo é parte do projeto de pesquisa “Diálogos entre a História e a Literatura: estudo das obras de Paulina Chiziane (Moçambique) e Conceição Evaristo (Brasil) na perspectiva decolonial”, cujo objetivo é compreender as relações existentes entre os campos da História e da Literatura através dos saberes decoloniais. Como parte das atividades do projeto, foi analisada a obra “Becos da Memória”, da escritora brasileira Conceição Evaristo, objetivando-se identificar as lutas e resistência da população afro-descendente dispostas no livro literário, especialmente no que diz respeito às vivências das mulheres negras em contextos marcados pelo colonialismo. Nesta narrativa é possível visualizar uma denúncia social no que concerne às violências e segregações sofridas pelas populações afro-descendentes, evidenciando sua perpetuidade, considerando que a narrativa oscila entre histórias de ex-escravizados, bem como, de seus descendentes. O espaço da favela representa uma localidade simbólica, aludindo ao período colonial sustentado no trabalho escravocrata vigente formalmente até o final do século XIX, mas também um espaço de luta e resistência dos mesmos. Destinamos aqui uma relação entre a obra literária e a produção de Lélia Gonzalez, sua trajetória política e acadêmica é marcada por seu ativismo classista, antiracista e feminista. Além disso, foi fundadora do Movimento Negro Unificado, que lutou pela promulgação da Lei 10.639, modificando artigos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), estabelecendo a obrigatoriedade de inclusão nos currículos das redes de ensino o tema da história e culturas africanas e afro-brasileiras, valendo para todos os níveis de ensino. A análise constitui-se a partir da leitura dos escritos de Lélia González e sua interlocução com a obra de Conceição Evaristo e de textos acadêmicos da temática. Segundo a antropóloga brasileira, no texto “A categoria político-cultural de amefricanidade” (1988),  a América Latina foi constituída pelas sociedades herdeiras historicamente das ideologias de classificação social (racial e sexual) e dos métodos jurídico-administrativos das metrópoles ibéricas. racialmente estratificadas, destituíram formas abertas de segregação, posto que as hierarquias asseguram a superioridade dos brancos como grupo dominante. Para tal, está alicerçada nos seguintes pilares teórico-metodológicos: a) relação entre história e literatura no âmbito das investigações históricas e análise de obras literárias de ficção; e b) a interlocução entre a escrevivência de duas intelectuais negras. O projeto ainda está em andamento, contudo como resultados parciais espera-se contribuir para o engajamento dos estudos decoloniais, a partir de uma visão de compartilhamento de saberes, consolidando o desenvolvimento das pesquisas em Ciências Humanas no IFRS. Dentre os resultados já finalizados temos a apresentação em eventos científicos como o PEnsE 2021 - 7ª Jornada Científica, Tecnológica e Cultural do IFRS Campus Farroupilha e no seminário Decolonialidade e Educação: Esperançar em Tempos de Perplexidade, promovido pela UNIFESP.



Palavras-chave


Literatura; História; Lélia Gonzalez.

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