Portal de Eventos do IFRS, 7º SALÃO DE PESQUISA, EXTENSÃO E ENSINO DO IFRS

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A socialização de gênero na formação profissional de estudantes mulheres do IFRS
Marina Luft, Vanessa Soares de Castro, Juliana Battisti, Nathália Luiza Giraud Gasparini, Kauane Santos de Oliveira, Yasmim Marcena

Última alteração: 21-11-2022

Resumo


Este trabalho faz parte da pesquisa "Relações de poder e divisão sexual do trabalho na formação profissional: a perspectiva das estudantes a partir de grupos focais", que estuda como a divisão sexual do trabalho afeta a formação de mulheres no Ensino Médio Integrado. O recorte aqui apresentado buscou questionar quando a divisão sexual do trabalho tem seu início na vida das alunas do IFRS e como isso é evidenciado na formação profissional. A construção social de gênero começa logo nas primeiras relações de socialização infantil, pelas ações e discursos de familiares que tendem a repreender o que é considerado um comportamento não condizente com os padrões de feminilidade e masculinidade, assim como incentivam aqueles que atendem  às expectativas sociais de gênero. O objetivo do trabalho é entender como a socialização afeta a formação das jovens estudantes do Ensino Médio Integrado, em suas relações com familiares e colegas, e principalmente com o curso técnico, o estágio curricular e as ambições profissionais. Os dados analisados foram obtidos através da pesquisa supracitada, durante a sua segunda fase, utilizando grupos focais, de maneira remota pelo Google Meet, com alunas dos cursos de Agropecuária, Informática e Mecânica, do campus Ibirubá, e Eletrônica, Informática e Lazer, do campus Restinga, totalizando cinco grupos e 25 alunas. Os relatos das estudantes mostram que a socialização tem um papel primordial na formação técnica, visto que desde a infância são incentivadas ou não pela família e pela comunidade a seguirem uma carreira profissional, enfrentar dificuldades por preconceito de gênero e outros marcadores sociais, assim como lidarem com suas inseguranças e expectativas de profissão. Outrossim, foi possível visualizar que a maior parte das participantes dos grupos focais relatam como as expectativas sociais de gênero afetaram negativamente sua relação com suas áreas de formação. Por exemplo, não possuíam muitos dos conhecimentos prévios sobre as áreas dos cursos, diferentemente de muitos de seus colegas meninos. A construção da identidade de gênero muitas vezes é baseada em opiniões dos núcleos familiares e socialização externa, em que padrões criados pela comunidade alimentam a teoria da reprodução social, socializando as jovens a se adequarem aos comportamentos socialmente esperados delas enquanto mulheres e a um mundo do trabalho dividido. As alunas do IFRS evidenciam a socialização e tendem a criar um cenário de desesperança para o futuro dos cursos e, consequentemente, para o futuro profissional, pois a associação da frustração com o ambiente escolar leva à desistência de seus cursos ou,pelo menos, à vontade de desistir. Assim, mesmo que terminem o curso, em sua maior parte não pretendem atuar como profissionais na área.

Palavras-chave


Divisão sexual do trabalho; Ensino Médio Integrado; Socialização.

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