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Violência estrutural? A evasão dos estudantes negros no Brasil
Roberta Flores de Andrade, Márcia Fernanda de Méllo Mendes, Ana Marisa Skavinski, Eloisa Solyszko Gomes, Ana Paula Gemelli

Última alteração: 18-11-2021

Resumo


Este estudo faz parte do ComVida: Projeto Integrado de Estratégias Territoriais de Promoção e Educação em Saúde do Instituto Federal do Rio Grande do Sul campus Alvorada, um projeto de pesquisa intervenção que tem por objetivo compreender e fomentar a participação social e as iniciativas de produção de saúde e de vida no território, sistematizando-as em uma perspectiva interseccional como educação permanente no enfrentamento à Covid-19, às iniquidades e às violências, intensificadas pela pandemia. Este estudo atende os objetivos específicos do ComVida, de compreender as relações entre as necessidades de saúde dos diferentes grupos do território com os serviços de saúde e demais políticas públicas; e  visibilizar e prevenir a violência. Este estudo busca fazer uma análise sobre os fatores que favorecem a evasão escolar tendo o aspecto raça/cor como um indicador de vulnerabilidade. A questão geradora é: há diferença na evasão escolar em relação à cor/raça dos estudantes? Para isto, inicialmente, foram realizadas leituras de produções acadêmicas e relatórios oficiais que abordassem o tema. A desigualdade educacional pode ser vista nos dados da PNAD, que demonstra na experiência escolar desigualdade entre estudantes brancos e não-brancos não só no acesso como também na permanência e desenvolvimento educacional. Segundo o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale dos Sinos, observou que a média de estudo entre estudantes brancos subiu de 11,7 para 11,9 enquanto entre os estudantes negros, o aumento foi de 10,2 para 10,4; e entre os estudantes pardos ocorreu uma diminuição de 10,7 para 10,2 anos de estudo, sendo possível notar que há diferença na taxa média de escolaridade entre as cores, raças e etnias e que permanece sendo a população branca a que possui mais anos de estudo. Podemos perceber que por mais que tenha aumentado a oferta de educação nas redes de ensino pelo país, a desigualdade no acesso ainda não foi totalmente superada. A implementação de políticas públicas, entre elas as ações afirmativas através das cotas raciais, não reduz totalmente as lacunas na disparidade social. Além disso, a pouca compreensão das políticas afirmativas promove a estigmatização de estudantes cotistas, por parte daqueles contrários às ações afirmativas, assim como atitudes racistas e preconceituosas praticadas por aqueles que se beneficiam de um sistema de privilégios vigente na estrutura do país, atitudes e práticas estas que devem ser combatidas. Nesse contexto, podemos inferir que são várias as razões presentes que contribuem para a evasão escolar de estudantes negros, que caracterizam-se como violências estruturais, muitas vezes invisibilizadas.


Palavras-chave


Evasão escolar. Racismo estrutural. Violência.

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