Os microcomputadores começaram a surgir no Brasil incentivados pela reserva de mercado e pela Lei Nacional de Informática (PNI) e são conhecidos por possibilitarem maior autonomia aos usuários a partir dos anos 1980, pois permitiram o uso doméstico. Eles vinham acompanhados de um interpretador em uma linguagem de programação, como o BASIC (uma linguagem simples e com comandos de fácil entendimento), e não possuíam interface intuitiva. Por conta dessa ausência qualquer uso se dava por meio da programação manual, tornando-se necessário aos usuários o conhecimento dessa prática. Esse conhecimento era adquirido muitas vezes por meio de publicações especializadas e seus vários conteúdos sobre informática. Os objetivos da pesquisa são entender o papel dos micros nos anos 1980, como os usuários da época adquiriram conhecimentos sobre microcomputação através da linguagem BASIC. Além disso, busca-se identificar a preferência da sociedade da época sobre assuntos relacionados com educação e tecnologia através da recorrência de assuntos publicados e retorno dos leitores. Como metodologia foram usadas análises qualitativas e quantitativas de diferentes conteúdos em linguagem BASIC encontrados em exemplares dessas revistas. Nossa análise focou no levantamento de códigos encontrados em exemplares da Micro Sistemas, MicroHobby e Micro Mundo entre 1981 e 1984, e também de livros em exemplares dessas e de outra revista, a Info JB, entre 1981 e 1986. Através dessa análise torna-se perceptível o grande aparecimento dos jogos nesses periódicos, evidenciando a tendência destes em mostrar o lado lúdico dos micros. Da mesma forma, é identificável um número expressivo de aplicações comerciais e utilitárias, de forma a explorar suas potencialidades. Além disso, o evidente apelo educacional caracteriza o ponto forte dessas revistas: despertar competências nos usuários através da programação. Nos livros percebemos a demanda por conteúdos direcionados aos diferentes modelos de microcomputadores, contudo as temáticas seguem focando na Educação, jogos e aplicações comerciais/utilitárias. Podemos concluir então que as revistas foram peças importantes para a indústria nacional de informática dos anos 1980 e que os micros tinham um papel indefinido tendo utilidade em diversas áreas, da empresarial até a domiciliar, passando também pela educacional. A quantidade de códigos publicados com diferentes finalidades e livros direcionados a micros específicos mostram a intenção de atingir todo tipo de público, de crianças até jovens e trabalhadores, por meio de livros de computação infantis, de entretenimento e de aplicações comerciais. https://youtu.be/UvKCeZAo8YU