Última alteração: 19-11-2021
Resumo
O trigo (Triticum aestivum L.) é uma gramínea anual de inverno que vem se destacando como volumoso conservado para ruminantes. Embora pouco utilizada no Brasil, os dados disponíveis na literatura internacional demonstram o potencial desta forrageira para produção de silagem de elevado valor nutricional. A utilização de aditivos pode ser uma estratégia de manejo para reduzir as perdas no processo de ensilagem e melhorar o desempenho dos animais, no entanto, há resultados inconsistentes obtidos com sua utilização.Diante do exposto, objetivou-se com este trabalho avaliar a eficiência do uso de aditivos químico e microbiano na produção de silagem de por meio da quantificação das perdas durante o processo fermentativo e avaliação da estabilidade aeróbia da silagem. O experimento foi desenvolvido no Campus Vacaria, sendo a semeadura do trigo realizada no dia 23/06/2020 e o corte do material no dia 27/10/2020. Após a fragentação, antes da ensilagem, o material foi separado em três partes: uma recebeu aditivo microbiano, outra aditivo químico (ureia) e a terceira parte foi ensilada sem aditivo. A abertura dos minissilos ocorreu 70 dias após a ensilagem, quando foram realizadas pesagens para determinaçao das perdas durante a fermentação e coletadas amostras para determinação do teor de MS, pH e avaliação da variação de temperatura durante a exposição da silagem ao ar. A quebra da estabilidade aeróbia foi considerada quando a silagem atingiu temperatura 2°C acima da temperatura ambiente. O delineamento experimental foi o interiamente casualizado com três tratamentos e quatro repetições. O maior valor de pH observado para a silagem inoculada com ureia (4,10) é resultado da hidrólise da ureia em amônia, formando hidróxido de amônio. Os melhores resultados observados para a silagem produzida sem aditivo quanto à recuperação da MS e perdas por gases parecem indicar que a utilização de aditivo favoreceu o crescimento de microrganismos heterofermentativos que produzem outras substâncias além do ácido lático, aumentando as perdas de MS e levando à maior produção de gases. O tempo para a quebra da estabilidade aeróbia foi maior para a silagem produzida com ureia (75,53 horas) em relação às silagens produzidas sem aditivo e com aditivo microbiano (50,86 horas, em média). Além disso, as silagens produzidas com ureia apresentaram variação de temperatura mais estável ao longo do período de exposição. Esses resultados provavelmente se devem pela ação antifúngica deste aditivo. A utilização de aditivos não foi eficiente em reduzir as perdas durante o processo de fermentação, no entanto a utilização de ureia como aditivo proporcionou melhor estabilidade aeróbia. A utilização deste aditivo pode ser indicada para melhorar a qualidade sanitária da silagem de trigo e melhorar o teor de proteína bruta da silagem.