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Escravidão e tráfico de africanos através dos registros de batismo (Rio Grande do Sul, 1780-1850)
July Frank Avila, Marcelo Santos Matheus, Jessica Rembowski de Sousa

Última alteração: 23-11-2021

Resumo


Até pouco tempo atrás, acreditava-se que a escravidão, no Rio Grande do Sul (doravante RS), não tinha tido a importância, para a formação social e econômica da região, que teve no restante do Brasil. Tal produção da memória, mais idealizada do que empiricamente fundamentada, auxiliou na construção da imagem de um estado branco e democrático, onde as relações sociais não haviam sido permeadas pelas relações escravistas, isto é, por relações pautadas na exploração do trabalho e na violência. Contudo, nas últimas três décadas a historiografia reviu tal questão, mostrando a importância da mão de obra escrava (e africana) para quase toda a capitania/província, tanto na pecuária, nas charqueadas, na pequena agricultura, quanto nos centros urbanos. Uma das vertentes dessa renovação historiográfica diz respeito ao tráfico atlântico de africanos. Milhares de africanos escravizados aportaram no RS entre 1780 e 1850. Todavia, ainda é desconhecido para quais localidades e regiões do RS os africanos desembarcados no porto de Rio Grande, por onde chegavam os escravos comercializados para o RS, foram enviados. A principal razão para tal desconhecimento é a inexistência de fontes (sistemáticas) que documentassem essa migração por entre a província. Dessa forma, esta pesquisa está investigando quantos escravos africanos foram levados às pias batismais nas diferentes capelas do RS entre 1780 e 1850, verificando a representatividade de tal fonte para a análise do próprio tráfico de africanos para o sul da América portuguesa e, depois, para o sul do Império do Brasil - foram transcritos 13.931 registros durante a realização do projeto, através do qual constatou-se que a maior parte dos africanos registrados vieram da região central Africana. Ao fim do projeto, caso nossos resultados finais sejam expressivos, será possível elaborar uma cartografia, a partir dos registros de batismo, dos africanos que viveram e trabalharam no RS no colonial tardio e, principalmente, na primeira metade do século XIX. Por outro, será possível contribuir para o esforço de resgate das reminiscências da cultura africana nas Américas e, em especial, no Brasil e no RS. Por fim, em última instância, os resultados da pesquisa podem auxiliar da revisão dos conteúdos sobre história do RS trabalhados nas escolas, destacando a importância da migração (forçada) de africanos, e não só de europeus, e o protagonismo daqueles na formação social do RS.


Palavras-chave


Escravidão IFRS. Registros de Batismo.

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