Última alteração: 12-01-2021
Resumo
Este trabalho foi realizado no âmbito do projeto de pesquisa "Literatura e outras artes: formações discursivas e construção de sentido na contemporaneidade". O projeto tem encontros realizados semanalmente, pelo Google Meet, com debates que duram duas horas. O objetivo do projeto é proporcionar aos discentes uma experiência diferenciada da literatura que estamos acostumados em aula, desenvolvendo a nossa percepção crítica a respeito da sociedade em obras majoritariamente contemporâneas. Ele se justifica pois cria um espaço de discussão de alunos e professores sobre os diferentes tipos de discursos existentes, de forma que eles sempre sejam questionados. Um dos referenciais teóricos das discussões é a Análise do Discurso, especificamente os estudos de Eni Orlandi na obra “O que é linguística”. A Análise do Discurso é um campo dentro da Linguística especializado em analisar o uso da linguagem, especialmente a forma como a ideologia é construída no texto. Assim, sob a perspectiva da Análise do Discurso, neste trabalho busca-se analisar um dos contos discutidos no projeto, intitulado “Aqueles que ficam e lutam”, de Nora K. Jemisin. A trama se desenvolve na cidade de Um-helat, em outro mundo, ao redor de um lugar utópico, à primeira vista, e de um narrador que quebra a quarta parede muitas vezes. Neste lugar existe um único crime, que todo cidadão sabe qual é, mas mesmo assim há algumas pessoas que fazem: entrar em contato com o nosso mundo e conhecer a toxicidade, a fome e a miséria daqui. No final do conto, nos é revelado que a cidade não é tão utópica assim, mostrando que um homem foi morto por pessoas chamadas assistentes sociais, justamente por ter cometido esse crime. A filha desse homem é levada junto com essas pessoas para também se tornar uma assistente social. O conto acaba com o narrador estendendo a mão para nós, leitores, e nos convidando para Um-Helat. Esse conto nos fez refletir sobre as nossas atitudes quando lidamos com pessoas que pensam muito diferente de nós. Além disso, tentamos entender as entrelinhas da história, pensando sobre o narrador, quem ele é, de onde ele é. Também entramos no contexto histórico em que essa obra foi escrita (2018) e tentamos entender a crítica social da autora. Assim, tivemos a oportunidade de desenvolver senso crítico e reflexões acerca de nossa própria sociedade.