Em 1971, o regime militar excluiu a disciplina de Sociologia dos currículos escolares do Ensino Médio, retornando como obrigatória somente em 2008. Durante esses quase quarenta anos, o ensino da disciplina esteve restrito aos currículos universitários. Esse fator resultou na pouca disponibilidade de metodologias e materiais desenvolvidos para o ensino da Sociologia para adolescentes. O presente projeto buscou preencher essa lacuna e envolver os estudantes no debate e na seleção de materiais didático-pedagógicos, com o intuito de identificar melhores práticas e aprimorar o processo de ensino-aprendizagem. Em 2019, o projeto contou com a participação de estudantes e docentes que, reunidos semanalmente, realizaram várias atividades, entre elas debates sobre leituras, filmes, documentários e análise de materiais didático-pedagógicos. Destacamos os debates sobre leituras prévias e a preparação e condução, pelos estudantes participantes, de uma aula com um tema escolhido dentro das ementas do curso, incluindo uma atividade avaliativa sob supervisão dos docentes. As leituras debatidas foram escolhidas a partir da indicação dos docentes em conjunto com os estudantes. Inicialmente, buscou-se materiais mais acessíveis aos adolescentes. Aos poucos, experimentamos ampliar a complexidade dos textos. Destacamos a leitura do livro Perspectivas Sociológicas: uma visão humanística, de Peter Berger (2007), por sua escrita clara e direta. Os capítulos foram debatidos, analisados e sintetizados, sendo então avaliados e correlacionados com conteúdos do plano de ensino dos três anos do ensino médio. Essa atividade auxiliou os bolsistas a propor metodologias para serem desenvolvidas em sala de aula.  Outras leituras realizadas foram: Sociologia no Ensino Médio: socialização, reprodução ou emancipação? e Qualificando Futuros Professores de Sociologia, de Luiza Helena Pereira (2007 e 2012), O que é Sociologia, de Anthony Giddens (2001), Viver e interpretar o mundo social: para que serve o ensino da Sociologia?, de Bernard Lahire (2014), Compreender, de Pierre Bourdieu (2001), A imaginação sociológica, de Charles Wright Mills (1969) e Licenciatura em Ciências Sociais e ensino de Sociologia: entre o balanço e o relato, de Amaury Cesar Moraes (2003). A fundamentação teórico-prática apropriada pelos estudantes a partir das leituras e dos debates foi essencial para o planejamento das aulas e sua condução pelos estudantes com maior conhecimento e segurança. A experiência docente possibilitou aos alunos ministrar sua aula enquanto o professor assistia e intervinha como apoio quando necessário. A interação entre ambos os lados proporcionou aos discentes uma visão mais completa do mundo acadêmico e, aos docentes, uma melhor compreensão da realidade adolescente.