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POLÍTICAS DE MIXAGEM NO ROCK INDEPENDENTE BRASILEIRO: TERRITÓRIOS DE SIGNIFICAÇÃO NO ESPECTRO SONORO
João Gabriel Fernandes Mayer, Marcelo Bergamin Conter

Última alteração: 12-01-2021

Resumo


Rompendo com a hegemonia das práticas hierárquicas de mixagem desenvolvidas por grandes estúdios, a popularização de equipamentos domésticos de gravação de áudio multicanal permitiu que artistas amadores pudessem exercer maior poder de escolha sobre a mixagem em suas composições, estabelecendo novas políticas de arranjo sonoro e de timbragem. O presente trabalho pretende observar mixagens amadoras e caseiras de artistas do rock independente brasileiro entre os anos de 2015 e 2020. O objetivo é compreender como as estratégias de mixagem amadoras reorganizam a experiência sensorial do espectro sonoro. Metodologicamente seguiremos um modelo de análise de espectrogramas extraídos através do software Sonic Visualiser (onde obtemos gráficos que relacionam frequências, amplitude sonora e tempo). Empregaremos o método para realizar uma análise comparativa das faixas "Degradê", da banda gaúcha Supervão, lançada em 2016, e "Artificial", da banda catarinense Adorável Clichê, lançada em 2018. Nos apoiaremos na tese da musicóloga Megan Lavengood publicada em 2017, que sugere que a análise espectral deve ser articulada com uma análise de aspectos sociais e culturais. Assim, contaremos também com depoimentos e entrevistas dos músicos sobre suas práticas de mixagem e composição timbral para enriquecer nossos estudos e observar como a ideia de autenticidade como construto social ocorre não só através das cenas musicais, mas também através das timbragens. Os espectros sonoros das canções analisadas, bem como os comentários e entrevistas dos músicos, exemplificam como o processo de mixagem é, para eles, um espaço de criação e também um processo de alinhamento político de questionamento ao "mainstream". A pesquisa, ainda em andamento, nos sugere que a observação dos espectrogramas, dos comentários e das presentes disputas territoriais (partimos do conceito de "territórios de significação" dos filósofos Deleuze e Guattari) de frequências nos gráficos nos levará a compreender como as estratégias e escolhas de mixagem corroboram para a reorganização da experiência sensorial do espectro sonoro, a singularização de timbragens como processo de diferenciação na cena do rock independente brasileiro, bem como aos construtos de autenticidade de cada banda dentro desta mesma cena. Com os espectrogramas é possível reconhecer estratos, sobreposições, disputas territoriais entre instrumentos musicais e que permitem evidenciar melhor não só as propostas estéticas, mas a dimensão política dessas obras.


Palavras-chave


Mixagem. Espectrograma. Rock Independente.

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