A produção de leite e de carnes no Sul do Brasil tem como uma de suas limitações no inverno, a baixa qualidade nutricional e disponibilidade de alimentos para os animais, seja
na forma de pastagem, ração, feno ou silagem. Os cereais de inverno podem ser adaptados, através de melhoramento genético, para atender a necessidade de forrageamento animal, cobertura de solo e/ou produção de grãos, ocupando áreas ociosas ou subutilizadas. O objetivo do trabalho foi avaliar o desenvolvimento de 5 genótipos de trigo duplo-propósito, sendo 2 cultivares testemunhas e 3 linhagens promissoras, submetidas a diferentes níveis de pastejo no município de Sertão - RS. O trabalho foi conduzido na área experimental do IFRS – Campus Sertão, de maio a dezembro de 2019, em delineamento de blocos casualizados com três repetições. Os tratamentos consistiram em cinco genótipos de trigo duplo propósito (BRS Tarumã, BRS Pastoreio, PF 150088, PF 170297; PF 170306), sobre três níveis de pastejo (nenhum corte, 1 corte, 2 cortes). As variáveis avaliadas foram: número de plantas estabelecidas por metro linear, massa verde da parte aérea, massa seca da parte aérea, número de dias da semeadura até a emergência, ciclo da emergência ao espigamento (DEE), altura de planta, ciclo da emergência até a maturação (CMC), peso do hectolitro (PH), peso de mil grãos (PMG) e rendimento de grãos. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância. De maneira geral, o regime de 2 cortes teve efeito negativo para todos os genótipos, reduzindo a produtividade, PMG e PH, além de diminuir significativamente a altura dos genótipos e aumentar o DEE e CMC. O manejo de 1 corte conseguiu manter a capacidade produtiva dos genótipos e a qualidade de grãos, quando comparado às testemunhas sem corte. Nenhuma linhagem apresentou produtividade de forragem e rendimento de grãos superior estatisticamente a cultivar BRS Pastoreio. Entretanto, a linhagem PF 170306 se destacou dentre as demais, e foi superior a cultivar BRS Tarumã na produtividade de grãos no regime de 1 corte (2195,98 kg ha-1), produtividade de MS no 2° corte (2048,80 kg ha-1), e na soma de matéria seca dos dois cortes (3463,83 kg ha-1). Pode-se afirmar a partir deste estudo, que a linhagem PF 170306 demonstrou um bom potencial produtivo para forragem, nas condições a qual foi submetida, em relação aos demais genótipos avaliados.