Última alteração: 26-01-2021
Resumo
Ao longo dos anos, o Brasil se estabeleceu como um país procurado por imigrantes e refugiados em situação de crise. Com o crescente número de imigrantes, nota-se a necessidade do ensino de língua portuguesa, levando em consideração a fragilidade dessas pessoas, que passaram por diversos tipo de trauma durante seu processo migratório e se encontram em situação de vulnerabilidade. Atualmente os materiais didáticos e cursos de língua portuguesa oferecidos à população imigrante não contemplam a diversidade do português brasileiro, tampouco a comunicação genuína em contextos necessários à nossa população. Por meio deste projeto, buscamos identificar as reais necessidades apontadas por imigrantes em práticas interacionais de contextos cotidianos. Este estudo faz parte de um projeto maior que visa elaborar e publicar materiais didáticos que representem efetivamente a variedade do português brasileiro local em uso como objeto de estudo. Esses materiais didáticos serão utilizados no Projeto de Extensão Língua Portuguesa para imigrantes e refugiados, ofertado pelo IFRS – Campus Bento Gonçalves. Para compreendermos as necessidades dos/as imigrantes quanto aos contextos interacionais nos quais necessitam atuar mutuamente para viver em nossa sociedade, realizamos 30 entrevistas semiestruturadas com imigrantes de diferentes nacionalidades (Venezuela, Haiti, Senegal, Bangladesh) que residem no Rio Grande do Sul. Os depoimentos dos imigrantes foram gravados em áudio e vídeo pela plataforma digital Google Meet, mediante autorização dos/as participantes. As entrevistas foram transcritas na íntegra e, posteriormente, as respostas foram categorizadas para identificação dos lugares citados pelos imigrantes como imprescindíveis para realização das suas atividades cotidianas. Além de continuar o estudo das entrevistas já realizadas por meio da Análise de Conteúdo, a próxima etapa do estudo será a coleta de interações naturalísticas em mercados, rodoviárias, farmácias, padarias e lojas, pois estes foram os locais citados pelos/as entrevistados/as como os mais relevantes para suas práticas interacionais cotidianas. Então, poderemos utilizar essas interações naturalísticas como insumo para construção de materiais didáticos com gêneros interacionais genuínos que retratem o português falado na Serra Gaúcha. Ademais, no decorrer da análise das entrevistas e das leituras sobre a temática, percebemos que o IFRS, como instituição pública, possui o dever de garantir o direito de acesso (e permanência) dos/as imigrantes à educação brasileira.