Última alteração: 11-01-2021
Resumo
O setor brasileiro de celulose adquiriu relevância no mercado global nos anos 2000. Os modelos agroindustriais articulando indústria e silvicultura de espécies de rápido crescimento tornou-se competitivo frente ao extrativismo dos tradicionais produtores europeus e norteamericanos. Do final dos anos 1990 aos anos 2000, esse cenário foi responsável por uma intensa apropriação territorial por esses capitais. O Rio Grande do Sul assistiu à rápida incorporação do seu território pelos investimentos de empresas globalizadas, atuantes na produção de celulose de fibra longa, utilizando os cultivos de eucalipto como matérias-prima. As áreas de eucalipto, concentradas na metade sul do estado, tornaram-se a maior área cultivada de silvicultura no estado. Após intenso período de crescimento, os projetos foram interrompidos no estado em função da crise global de 2008 e das decorrentes mudanças estratégicas das empresas. Passada mais de uma década de silêncio da atividade no estado, o presente projeto busca analisar essa atividade, descrevendo as mudanças patrimoniais ocorridas, determinando as causas para as mudanças nos projetos, identificando usos da base florestal e caracterizando possíveis conflitos sociais e ambientais decorrentes. Como procedimentos metodológicos, utilizam-se os recursos de pesquisa documental e dados quantitativos que visam observar mudanças patrimoniais nos ativos e perspectivas de uso futuro dos mesmos. Até o momento, realizou-se um recorte das principais empresas do Brasil no ramo de celulose atuantes em 2008, comparando seus dados financeiros. Segue-se investigando qual o destino patrimonial das bases florestais de eucalipto cultivadas no estado a partir desses processos. A pesquisa continua em andamento, mas é possível observar que há intenso movimento de fusões e aquisições, e uma tendência de concentração no setor, a partir da fusão das empresas Veracel e Votorantim em 2008, formando a Fibria, posteriormente a Fibria foi vendida a empresa Suzano, tornando esta uma das principais empresas do setor de materiais básicos e uma gigante no segmento de papel e celulose. A Suzano atualmente está ingressando no mercado mundial, acredita-se que a Suzano está desempenhando um crescimento exponencial e há uma tendência nos próximos anos de que ela se torne uma empresa com uma parcela participativa no segmento de papel e celulose mundial. O estado do Rio Grande do Sul foi cultivado com área suficiente para comportar três fábricas de celulose com as maiores capacidades produtivas do planeta, considerando o final dos anos 2000 como referência. Atualmente, conta apenas com uma fábrica, cujo processo de ampliação foi interrompido.