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Quantificação do uso de Zonas Ecológicas Marinhas por tartarugas-cabeçuda (Caretta caretta) monitoradas por satélite na Zona Econômica-Exclusiva do Sul do Brasil
Maria Rita da Costa Rolim, Tiago Gandra, Danielle Silveira Monteiro

Última alteração: 09-12-2019

Resumo


O interesse humano no uso do oceanos tem crescido nos últimos anos, sendo necessário a utilização de métodos para analisar e integrar dados (biológicos, físicos e de atividades humanas) para a gestão de áreas marinhas. A Zona Econômica-Exclusiva do sul do Brasil (ZEESB) é uma das áreas marinhas mais produtivas do Brasil, sendo importante tanto para a pesca quanto para a conservação. Tartarugas-marinhas utilizam a ZEESB para alimentação e crescimento, com grande interação com a pesca e mortalidade. Este trabalho tem como objetivo principal quantificar a utilização de tartarugas-cabeçuda (Caretta caretta) em Zonas Ecológicas Marinhas nos estratos bentônico (ZEB) e pelágico (ZEP). As Zonas Ecológicas Marinhas foram mapeadas através de descritores físicos (ex. profundidade, tipo de sedimento, temperatura, corrente) e técnicas de análise espacial multivariada, resultando em 7 ZEB e 10 ZEP. Os dados de rastreamento de tartarugas-marinhas foram coletados pelo Núcleo de Educação e Monitoramento Ambiental (NEMA) através fixação de transmissores de satélite em 16 tartarugas-cabeçuda capturadas de forma incidental em barcos de pesca de arrasto no Rio Grande do Sul (RS). O número de dias de transmissão variou entre os indivíduos (min=51 e máx=775 dias), no período de março de 2013 à março de 2016. Os animais se distribuíram da linha de costa até a profundidade de 5000 metros, com latitude variando de 25º S (Paraná) até 43º S (Patagônia Argentina). Os registros foram filtrados e reamostrados de forma a manter-se um ponto por dia para cada animal, resultando em aproximadamente 3300 dias de monitoramento (total de 5333 dias). Foi calculada a sobreposição espacial (estatística zonal) para contagem do número de dias de cada indivíduo em nas zonas ecológicas. No estrato bentônico, duas zonas somaram 65% dos dias de utilização (apesar de somarem apenas 13% da área de estudo), ambas na plataforma continental interna e dominadas por sedimento arenoso. Já no estrato pelágico, houve o predomínio de duas zonas (67% de utilização, 11% da área total), caracterizadas pela baixa profundidade (plataforma interna), alta concentração de material em suspensão e clorofila. Os resultados parciais mostram alta correlação entre o tipo de habitat marinho e a distribuição de tartarugas-marinhas na ZEESB. Assim, é possível concluir que o mapeamento de habitats marinhos através de descritores físicos pode ser um indicador de áreas importantes para algumas espécies, contribuindo para a tomada de decisão no manejo da pesca e na definição de áreas prioritárias para a conservação.

Palavras-chave


telemetria, biodiversidade, oceanografia, geoprocessamento, habitats

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