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Quem fala no mundo dos microcomputadores? Participação feminina através da Imprensa especializada em Informática
Última alteração: 06-12-2019
Resumo
O processo de informatização que a sociedade brasileira experimentou nos anos 1980, em um contexto de abertura política do país e de busca por uma autonomia tecnológica através da Política Nacional de Informática, os microcomputadores tornaram-se bens de consumo de diversos grupos sociais interessados em conhecer essas tecnologias. No entanto, o acesso às tecnologias computacionais necessitava a mediação de uma nascente Imprensa especializada que, através de revistas de microinformática, permitiam os interessados usuários a descobrir as potencialidades dos microcomputadores. Programas, reportagens, propagandas ofertavam possibilidades de usos dessas máquinas, trazendo ainda uma certa colaboração dos leitores na produção de matérias, por meio das cartas aos leitores e códigos de programas. No entanto, levando-se em conta uma invisibilidade imposta às mulheres no campo da Informática no período, nossa pesquisa trata de analisar a participação feminina nas publicações especializadas. Foram catalogadas matérias, equipes editoriais e códigos de programas dos principais periódicos de época (Micro Mundo, Micro Sistemas, Micro Hobby, Interface), quantificando dados a fim de perceber as maiores recorrências e analisando qualitativamente seus participantes, como suas formações e contribuições nas revistas. Como considerações parciais, é possível perceber uma divisão de tarefas na produção dos periódicos, com uma ascendência masculina em matérias técnicas, como códigos de programação em BASIC ou Assembler, enquanto o conteúdo jornalístico era conduzido, conforme a revista, por mulheres, jornalistas que se especializavam na área. Isso pode sugerir uma forma de aproximação das mulheres com o campo da Informática, valendo-se de outros saberes (jornalismo) para ter influência sobre a definição do microcomputador. Consideramos que o levantamento permite compreender não só como os agentes sociais estabelecem os possíveis usos de uma tecnologia, mas como essa tecnologia pode ser objeto de questões de gênero, já que microcomputadores podiam ser pensados para o universo masculino (meninos e jovens), embora houvesse o esforço feminino em pautar as discussões sobre essa tecnologia.
Palavras-chave
História Social da Informática; Mulheres na Informática; Microcomputadores
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