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Motivações na adoção de certificação da produção orgânica: uma experiência de eco-inovação
Última alteração: 06-12-2019
Resumo
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, ao passo que é o segundo maior produtor de alimentos. Nesse contexto, impulsionado por uma crescente preocupação dos consumidores quanto aos malefícios do uso desses defensivos agrícolas, cada vez mais produtores optam por métodos mais sustentáveis de produção e solidários de comercialização de seus produtos. Essa produção orgânica necessita de certificação, destacando-se a variedade de modalidades desse serviço: auditoria, sistema participativo de garantia e venda direta. A compreensão das motivações que levam os produtores a optarem por trabalhar com esses produtos, e em específico, a adotarem a certificação participativa de seus processos produtivos, pode favorecer a expansão desse modelo. O presente trabalho tem como objetivo, portanto, compreender o significado da certificação para esses produtores e o que os motiva a trabalharem com a produção agroecológica; também buscou-se entender as suas percepções sobre a legislação acerca dos orgânicos e os desafios encontrados para certificar-se. Para tanto, procedeu-se a realização de entrevistas semi-estruturadas com produtores orgânicos do município de Viamão, com posterior tabulação e análise dos conteúdos obtidos. Para uma visão mais completa do cenário local, também realizou-se entrevista semi-estruturada com um responsável por uma das OPAC’s (Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica), que coordena o processo participativo. Paralelamente, procurou-se entender o estado do conhecimento da área, com buscas em artigos e livros especializados no tema. Desse modo, observa-se que as principais motivações são: qualidade de vida que o modelo orgânico confere aos produtores; saúde; aprendizagens e troca de conhecimentos inerentes ao processo participativo; e por último, a questão financeira. Constatou-se também que a certificação é encarada como uma das etapas da produção, como uma chancela a um trabalho rigoroso e complexo, ainda mais evidente no modelo participativo de certificação. Exatamente dessa complexidade apontada pelos produtores, que nascem vários desafios, tais como: a falta de recursos humanos para executar satisfatoriamente o processo; a gestão das relações humanas dentro do processo; o manejo dos interesses de um grande número de produtores, técnicos e consumidores; além dos próprios desafios de produzir de maneira sustentável. No que se refere à legislação, percebeu-se uma visão positiva, de reconhecimento dos avanços legais, porém existindo ainda um caminho de melhorias a serem seguidas, como no caso das Instruções Normativas. Portanto, com a melhor compreensão de aspectos básicos como os trabalhados neste estudo, espera-se contribuir para a afirmação desse modelo de produção no mercado brasileiro de alimentos.
Palavras-chave
Eco-inovação; Alimentos orgânicos; Sustentabilidade
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