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Experiências de escuta ao vivo e controle de timbre no rock independente brasileiro
Última alteração: 06-12-2019
Resumo
O presente trabalho apresenta parte do desenvolvimento do projeto de pesquisa “O timbre como afeto no rock independente brasileiro: uma abordagem semiótica”, no qual pretende-se compreender como o timbre, na música, é capaz de comunicar através de processos afetivos. Tal fenômeno geralmente é entendido como a diferença de textura entre duas fontes sonoras com mesma altura melódica e volume, mas esta pesquisa pretende apresentar que se trata de algo mais complexo. Queremos pensá-lo como um fenômeno que não se resume à experiência estética, tampouco que se trata de um fenômeno que escapa à significação. Para tanto, compreendemos o afeto como um signo semiótico, tal como proposto pelo filósofo francês Gilles Deleuze. Verificaremos esta hipótese na obra de artistas do rock independente brasileiro, pois o timbre tem um papel central nos processos de diferenciação da identidade sonora desse gênero musical. Surge daí a necessidade de não reduzir o estudo à atualidade do timbre (ao momento em que ele se manifesta), observando, também, a rede sociotécnica que permite que ele se constitua como tal e, além disso, os desdobramentos afetivos gerados nos corpos após a manifestação do timbre. O presente trabalho se debruça neste último estágio, se baseando em entrevistas que realizamos com músicos de rock independente sobre suas experiências pessoais de escuta musical. Até o momento, entrevistamos integrantes que compõem nove bandas, dentre elas: My Magical Glowing Lens, Winter, Sterea, E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante, Supervão, Cine Baltimore, Adorável Clichê, Boogarins e Terno Rei. Temos um roteiro semi estruturado de entrevista, no qual constam 17 perguntas. As entrevistas são fundamentais para que seja possível conferir que tipo de desdobramento afetivo os músicos imaginam que sua música desenvolve. Dentre algumas das descrições de experiências de escuta proferidas pelos entrevistados, destacamos: as músicas ficam mais rápidas ao vivo; momentos de jam dirigem o músico e o público a uma espécie de catarse sensorial; certas timbragens podem criar imagens de ambientes específicos, como o interior de uma caverna; momentos de imprevisibilidade garantem um caráter mágico ao show. A principal relevância do presente projeto é uma diferente compreensão de como o timbre comunica: indo além da ideia de uma transmissão de emoção, ele será entendido também como acontecimento (o resultado da mistura de corpos) e como corpo transformado (afeto). Ambas estas dimensões são fundamentais para se entender os processos de significação do timbre.
Palavras-chave
Comunicação; Música; Timbre
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