Última alteração: 06-12-2019
Resumo
Esta pesquisa se propõe a investigar quantos escravos africanos foram levados às pias batismais nas diferentes capelas do Rio Grande do Sul entre 1780 e 1850, verificando a representatividade de tal fonte para a análise do próprio tráfico de africanos para o sul da América portuguesa e, depois, para o sul do Império do Brasil. Como a pesquisa já está em andamento há cerca de dois anos e, logo, uma quantidade expressiva de registros de batismo já foi coletada e fichada, está sendo possível identificar que, sim, os batismos são ótimas fontes para o estudo deste processo – leia-se, para o estudo do passado dos africanos escravizados que viveram e trabalharam no Rio Grande do Sul no colonial tardio e, principalmente, na primeira metade do século XIX. Para tanto, após a leitura das fontes, é utilizada uma tabela do Excel for Windows para armazenar as informações retiradas dos registros de batismos. Essas informações estão divididas em diferentes categorias analíticas: nome do batizando, se africano ou nascido no Brasil, seu sexo, a nação e/ou o grupo de procedência (no caso dos africanos) e, finalmente, o nome do senhor. A quantificação destes aspectos está possibilitando entender as características dos batismos de escravos no Rio Grande do Sul e, por consequência, parte do passado dos africanos escravizados e traficados para o sul do Brasil. Nesta comunicação, iremos tratar dos batismos que compõe a região “Porto-charqueadora”. Mais precisamente, referimo-nos às capelas de Rio Grande, Povo Novo, Pelotas, Estreito e São José do Norte. Até o presente momento, foram coletados mais de 9 mil registros de batismos das capelas citadas. Dentre os resultados parciais alcançados, está sendo possível perceber que, provavelmente, havia um grande subregistros de batismos de escravos africanos. Por sua vez, a quantidade de africanos batizados (mais de 2 mil) é bastante significativa. Por outro lado, a maior parte dos africanos escravizados e batizados no Rio Grande do Sul era proveniente da África Central (Congos, Angolas, Benguelas, Cabinda, etc.), apesar da quantidade de Minas (da África Ocidental) ser bastante significativa. Por fim, conhecer a procedência dos africanos vítimas do tráfico possibilita conhecer um pouco mais sobre sua cultura, formas de resistência e aspectos outros de sua vida (como escravos e/ou libertos) no Brasil.