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Uma análise da economia da cultura a partir do estudo de um pequeno município gaúcho
Camila Porsch da Cunha, Márcio Rogério Olivato Pozzer

Última alteração: 06-12-2019

Resumo


A partir do estudo das últimas três edições do Festival de Teatro Art in Vento e da Feira do Livro, duas importantes políticas culturais realizadas pelo município de Osório, essa pesquisa procura aprofundar a análise sobre a temática da economia da cultura em pequenos municípios brasileiros de até 100 mil habitantes, mais especificamente a respeito do papel das políticas públicas na produção, circulação e consumo de bens artísticos e culturais. Apesar da economia da cultura ser um campo de pesquisa desde a década de 70, possui lacunas teóricas e analíticas que precisam ser preenchidas, sobretudo, dando-se ênfase às localidades fora dos grandes centros urbanos, suprindo a escassez de dados estatísticos e de informações sobre tal segmento econômico. Tem-se constatado que as ações, projetos e programas realizados pelos poderes públicos municipais caracterizam-se como as principais dinamizadoras econômicas de atividades artísticas e culturais de diversas localidades. Nesse sentido, o município de Osório, com 46 mil habitantes, vem atuando em ramos importantes para a produção econômica da cultura local, auxiliando no desenvolvimento de novas cadeias produtivas (como de teatro), fomentando novos empreendimentos e equipamentos culturais, movimentando e vitalizando a cultura e, indiretamente, outros ramos da economia local, circunstâncias que revelam a importância de uma abordagem ampliada  ao estudo de outros pequenos municípios da região. A metodologia utilizada foi a realização de entrevistas com gestores públicos, artistas e produtores culturais, análise de dados do IBGE, das execuções orçamentárias municipais e coleta dos registros oficiais das edições anteriores. Desta forma, já é possível apontar que, como tantos outros municípios, a Prefeitura Municipal de Osório é atingida pela precariedade, onde permeiam a falta de recursos financeiros e sobretudo, de recursos humanos habilitados a atuar no setor de cultura e que impedem que as políticas públicas desenvolvam todo o seu potencial, caracterizando-se como processos estanques. Tais fatos se evidenciam pela recente extinção da Secretaria de Cultura Municipal e, principalmente, pela ausência de dados e informações centrais sobre a realização das edições anteriores dos eventos investigados. Ainda assim, mesmo que de maneira incipiente, conclui-se que o município de Osório está resistindo e investindo na formação de público, em certa medida, desenvolvendo hábitos culturais em seus cidadãos e projetando o acesso à cultura como um direito, a partir do momento em que a insere na agenda política como geradora de trabalho, renda, inclusão e transformação social, oferecendo perspectiva, ainda que de maneira tímida, dentro dos empreendimentos artísticos e culturais da região.


 


Palavras-chave


economia da cultura; políticas públicas; pequenos municípios.

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