O presente trabalho apresenta parte dos resultados da etapa de construção teórica do projeto de pesquisa O timbre como afeto no rock independente brasileiro: uma abordagem semiótica. Nos atemos aqui a etapa metodológica de levantamento bibliográfico, na qual organizamos o estado da arte de conceitualizações teóricas do timbre em diversas áreas do conhecimento, como a musicologia, etnomusicologia, neurologia, acústica, estudos de mídia e filosofia. Dentro deste levantamento, encontramos diferentes conceitualizações. Cada autor utiliza definições diversas para sustentar suas propostas do que seja o timbre, dentre elas: como a diferença de tom entre instrumentos de que soam na mesma altura e intensidade; como a diferença sonora entre instrumentos, que remete a música clássica; como transmissor de emoções, que o propõe como um envelope, mensageiro de um sentido que não está nele;  como construto social, resultado das estruturas de sentimento; em sua relação com autenticidade e na construção de cenas através da produção estética; como meio, como mediador entre o plano material e o espiritual. Assim, nota-se que uma abordagem científica do timbre é necessariamente interdisciplinar. Para nosso objeto de estudo em particular no qual diversos efeitos de modulação sonora são empregados, convém reconhecer a dimensão comunicacional do fenômeno. Ao invés de observá-lo como transmissor de emoções, preferimos refletir sobre suas potencialidades técnicas, culturais, políticas e de linguagem, enquadrando-o dentro do campo de estudos da Comunicação Social. Esta é uma pesquisa em andamento, porém já foi possível, a partir do presente trabalho, concluir que o afeto aparece como o resultado do choque entre dois corpos, algo similar ao que ocorre com o timbre, o que nos permite aproximá-los teoricamente. Desse modo, este trabalho contribui para a etapa teórica do projeto de pesquisa ao desatrelar o timbre de conceitos que restringem sua potencialidade e dimensão comunicativa e a partir daí compreender a manifestação de micropolíticas, agenciamentos e desdobramentos afetivos dos objetos empíricos de nossa pesquisa.