A agricultura familiar representa importante parcela do total de agricultores no mundo inteiro. Historicamente, países da América do Norte e Europa tiveram políticas de desenvolvimento que incentivaram essa categoria em seu modelo agrícola, ao oposto do Brasil que só criou políticas de incentivo voltadas à agricultura familiar a partir da década de 1990. Porém, atualmente estas políticas agrícolas brasileiras servem de modelo para países da África, os quais carecem de investimentos no setor. Reconhecendo essa heterogeneidade e diversidade da agricultura familiar em âmbito internacional, nesse trabalho objetivou-se descrever e comparar a agricultura familiar do Brasil (Fronteira Oeste, Auto Uruguai e Noroeste do Rio Grande do Sul), Cabo Verde, Canadá (Quebéq), Espanha e Angola. A pesquisa se caracterizou como qualitativa, tendo como método para a coleta de dados a pesquisa bibliográfica e a utilização de imagens representativas da agricultura familiar de cada local, seguido da descrição. Como parâmetros para diferenciação da agricultura familiar das regiões foram elencados os seguintes fatores: mulher; homem; criança; jovem; tecnologia; modo de produção; educação; gestão dos estabelecimentos; agricultura familiar de modo geral. Como resultados, pode-se perceber a diferença de disponibilidade de recursos naturais e tecnológicos nas distintas regiões. Porém, a problemática de evasão do campo, principalmente dos jovens, é considerada comum aos países estudados. Na Angola e Cabo Verde a maioria dos trabalhadores da agricultura é de caráter familiar e sofrem com a miséria e pobreza; especialmente por que tem uma agricultura familiar rudimentar, com produtos de baixo valor agregado e pouca profissionalização. Na Angola o papel da mulher é fundamental, sendo dela as principais tarefas agropecuárias. Em Cabo Verde, apenas 10% da área é agricultável, sendo praticada agricultura de subsistência. No Canadá, por outro lado, a agricultura familiar é eficaz e praticada em propriedades capitalizadas, que investem em pesquisa e tecnologia. Bem como na Espanha, em que a pluriatividade predomina nas fazendas familiares, possibilitando maximização de oportunidades frente a diferentes tipos de remuneração. Já no Brasil, a agricultura familiar ainda se caracteriza como heterogênea, podendo ir da extrema pobreza até propriedades familiares capitalizadas. Neste sentido, conclui-se que cada país estudado possui uma história particular em que fatores como conflitos, guerra, pobreza, governança estiveram ou não presentes. Esta história, por sua vez, diz muito sobre a questão agrária atual de cada nação, bem como sobre as características da agricultura familiar.