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Qualidade ambiental de parques urbanos: microclimas, qualidade do ar e níveis de pressão sonora do Parque Marinha do Brasil
Última alteração: 23-09-2024
Resumo
Os parques urbanos representam uma das principais áreas de lazer ao ar livre e de conservação de sistemas naturais na cidade. Para minimizar problemas, como os trazidos pelas atividades antrópicas, e assegurar a qualidade ambiental destes importantes espaços, a avaliação ambiental para compreensão dos impactos é uma ferramenta fundamental. Contudo, há poucos estudos sobre como variáveis – a exemplo de pressão sonora e parâmetros de microclima e qualidade do ar – interagem com a qualidade ambiental de parques. Diante disso, os alunos da disciplina de Projeto Integrador, do Curso Superior de Tecnologia em Gestão Ambiental do IFRS - Campus Porto Alegre, realizaram a avaliação do Parque Marinha do Brasil. O objetivo foi avaliar a qualidade ambiental do parque através da análise da interação das variáveis supracitadas, tanto no verão quanto no inverno, e das possíveis relações de causalidade entre si e ligadas à sazonalidade e às características dos seus ambientes. Para tanto, o trabalho seguiu as etapas: (i) levantamento bibliográfico relacionado ao tema, incluindo estudos produzidos por turmas anteriores em parques urbanos de Porto Alegre; (ii) planejamento de pesquisa; (iii) adaptação dos materiais e métodos aos recursos disponíveis; (iv) visitas in loco para caracterização ambiental inicial, identificação dos pontos de coleta amostral, medições de parâmetros e obtenção de amostragens; (v) cultivo de microrganismos, observações microscópicas e análises físico-químicas em laboratório; (vi) organização e análise dos dados, com utilização de quadros, gráficos, estatísticas descritivas, testes de significância e comparações com padrões de qualidade; e (vii) interpretação dos dados e comparação com estudos passados. Os resultados mostraram que o parque apresenta: diferentes microclimas, com maior contraste térmico entre pontos no verão; concentrações atmosféricas de material particulado levemente acima do ideal para saúde humana; águas superficiais com partículas orgânicas e inorgânicas em suspensão, mas baixa turbidez; níveis momentâneos de pressão sonora que excedem, em alguns pontos, os limites normatizados de conforto; e disparidades estatisticamente significativas entre o ruído com e sem tráfego veicular. Estes dados evidenciaram que as variações nos microclimas estão fortemente relacionadas ao tipo e à presença de vegetação, à proximidade de ambientes aquáticos e a coberturas de concreto ou solo exposto, bem como à sazonalidade, tal qual encontrado em estudos anteriores no parque. A uniformidade na dispersão dos poluentes sugere uma possível falta de vegetação suficientemente densa para filtrar impurezas atmosféricas, e não foi possível correlacionar a existência de partículas em águas superficiais a fatores atmosféricos. Já a pressão sonora foi mais alta perto das vias movimentadas, mas a vegetação no perímetro do parque também não forma uma barreira densa, permitindo, ainda, a passagem do som sob suas copas. Assim, os dados gerados neste trabalho subsidiam a identificação das relações de causalidade e auxiliam na avaliação da qualidade ambiental do parque.
Palavras-chave
qualidade ambiental; parques urbanos; Parque Marinha do Brasil.