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Desastre climático de abril/maio de 2024 no Rio Grande do Sul: repercussões territoriais e socioambientais
Gabriela Gattelli Alves, Daniel de Oliveira Pereira, Marthina Levenzon Pimentel, Renata Dias Silveira, Luiz Felipe Velho

Última alteração: 23-09-2024

Resumo


Em um período marcado pelo aumento de eventos climáticos extremos, torna-se essencial estudá-los para quantificar e qualificar seus impactos, permitindo prever e planejar ações mitigadoras. O Rio Grande do Sul lidera o país em danos humanos causados por chuvas intensas, concentrando 30,7% dos danos totais. O Estado vivenciou um grande desastre climático entre abril e maio de 2024, que resultou em perdas humanas e ampla desorganização territorial. Considera-se desastre, eventos adversos que afetam ecossistemas e populações vulneráveis, causando danos significativos. Este trabalho analisa as repercussões socioambientais e territoriais do desastre climático de abril/maio de 2024 no Rio Grande do Sul utilizando notícias veiculadas em sites de comunicação e sites institucionais, além de dados meteorológicos de estações do Instituto Nacional de Meteorologia-INMET e imagens de satélite. A partir das informações levantadas elaborou-se produtos cartográficos para auxiliar na análise das repercussões do desastre. Com base em dados das estações meteorológicas, identificou-se uma precipitação que variou de 436 mm em São Gabriel a 1022,2 mm em Caxias do Sul, entre 25/04 e 31/05, causando inundações e/ou deslizamentos em municípios ao longo das bacias do rio Jacuí, Taquari-Antas, Caí, Sinos, Gravataí, Lago Guaíba e Laguna dos Patos. Esse evento foi classificado como o maior desastre socioambiental já registrado no Estado, sendo responsável por 183 óbitos, 2.398.255 pessoas afetadas e 478 municípios atingidos, com 80% dos domicílios atingidos. Foram identificadas ações por parte do poder público estadual, federal e municipais , sociedade civil e setor privado durante e após a ocorrência do evento tais como criação de comitês de crise, resgates de pessoas e animais, acolhimento da população afetada em abrigos, auxílio financeiro e psicológico, reconstrução de infraestruturas. A SEMA, através da FEPAM, orientou as prefeituras na gestão dos resíduos do desastre, enquanto a Secretaria Estadual da Saúde forneceu recursos financeiros e medicamentos aos municípios. Além disso, o trabalho dos voluntários foi crucial para a doação de itens básicos, auxílio na limpeza e resgate de vítimas. Constatou-se que as ações realizadas foram de caráter emergencial, evidenciando a falta de um plano de ação integrado e coordenado. Diante da frequência e intensidade crescentes de eventos climáticos extremos, é crucial um planejamento integrado e ações coordenadas para mitigar seus impactos. O desastre climático de abril/maio de 2024 no Rio Grande do Sul destaca a vulnerabilidade das populações e ecossistemas locais, a necessidade de políticas públicas eficazes e de maior resiliência comunitária. A colaboração entre órgãos governamentais e a sociedade civil é crucial para respostas rápidas. As lições aprendidas devem impulsionar e orientar a criação de estratégias de prevenção, mitigação e recuperação, com políticas e planos diretores mais sustentáveis e resilientes.



Palavras-chave


desastre climático; Rio Grande do Sul; repercussões socioambientais