Portal de Eventos do IFRS, 24ª MOSTRA DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO DO CAMPUS PORTO ALEGRE

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Evento de precipitação extrema de abril/maio de 2024 no Rio Grande do Sul: análise climática
Marthina Levenzon Pimentel, Daniel de Oliveira Pereira, Gabriela Gattelli Alves, Renata Dias Silveira, Felipe de Sousa Gonçalves

Última alteração: 23-09-2024

Resumo


O Rio Grande do Sul, por sua dinâmica climática, é susceptível à ocorrência de eventos climáticos extremos. No ano de 2024 o Estado vivenciou um grande evento de precipitação  extrema em abril e maio de 2024, que resultou em significativos impactos socioambientais e territoriais. Estudos anteriores confirmam que o mês de maio é de maior número de ocorrências de precipitação extrema no Estado. O objetivo deste trabalho é realizar uma análise da configuração atmosférica que levou à ocorrência do evento de precipitação extrema em abril/maio de 2024. Para o desenvolvimento do trabalho foram utilizados dados de precipitação de 15 estações meteorológicas oficiais, cartas sinóticas e imagens de satélite, além de boletins veiculados em sites institucionais. Com base na coleta de dados das estações, a localidade que registrou maior precipitação entre 25/04 e 31/05, foi Caxias do Sul, com 1022,2 mm. Porto Alegre registrou 720 mm.As chuvas que atingiram o Estado foram causadas por uma sucessão de frentes frias estacionárias, agravadas por um bloqueio atmosférico, que manteve a instabilidade por muitos dias. Destaca-se a influência do fenômeno El Niño, iniciado em junho de 2023, que é responsável por intensificar as precipitações no Estado. Considerando o relevo e a configuração das bacias hidrográficas das áreas mais atingidas pela precipitação extrema, observou-se que a água escoou pelos rios Taquari, Caí, Pardo, Jacuí, Sinos e Gravataí até chegar ao lago Guaíba, onde ficou represada, em alguns momentos, pelas condições de vento do quadrante sul. O transbordamento do Guaíba impactou diretamente Porto Alegre, ultrapassando a marca de cota de inundação de 1941 e chegando à Lagoa dos Patos. Observou-se que as previsões meteorológicas, num primeiro momento não previram a dimensão do evento. A partir do final de abril, alertas passaram a ser emitidos, mas de forma genérica e só depois dos impactos serem visíveis em todas as bacias hidrográficas, é que os alertas passaram a ser mais específicos.A análise do desastre climático de abril/maio de 2024 no Rio Grande do Sul evidencia a vulnerabilidade na previsão e no monitoramento de eventos climáticos extremos. Diante da frequência e ocorrência desses eventos cada vez mais intensos, é essencial um acompanhamento eficaz para que os órgãos governamentais possam agir rapidamente e mitigar seus impactos.



Palavras-chave


precipitação extrema; frente estacionária, Rio Grande do Sul