Tamanho da fonte:
Gestão de dados geoespaciais da Antártica: estrutura e normativas brasileiras
Última alteração: 23-09-2024
Resumo
A Antártica desempenha um papel crucial nos sistemas naturais globais e regionais, influenciando diretamente as correntes atmosféricas e oceânicas, o clima e as condições de vida ao redor do planeta. Diante desses temas emergentes, em 1975, o Brasil aderiu ao Sistema do Tratado Antártico (STA) e, em 1982, iniciou o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), dando suporte às ações investigativas brasileiras, neste continente. Como membro consultivo do STA, a presença permanente do Brasil na Antártica se dá pela Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), localizada na Baía do Almirantado (Ilha Rei George, Antártica Marítima), sendo esta área (da baía) uma Área Antártica Especialmente Gerenciada (AAEG), da qual o Brasil é corresponsável pela gestão. Nos últimos anos, inúmeras pesquisas de campo realizadas nessa AAEG têm gerado dados espaciais, contudo, não tem sido observada a padronização desses dados. A gestão ambiental e o cumprimento de responsabilidades junto ao STA e ao PROANTAR dependem de dados espaciais de qualidade, da mesma forma que a disponibilidade e a qualidade dos dados dependem das estratégias de gestão de dados, como a padronização. Dados os entraves logísticos para acessar o continente, o alto custo das atividades de pesquisa e a dificuldade na obtenção de dados orbitais para o monitoramento ambiental, a promoção de maior usabilidade para os dados espaciais existentes é indispensável. Assim, o objetivo deste trabalho é verificar e analisar os encaminhamentos atuais para a padronização desse tipo de dado no Brasil. Para tanto, a metodologia utilizada foi a de pesquisa documental, buscando a estrutura organizacional da ciência antártica brasileira e as estruturas e normativas nacionais existentes e aplicáveis aos dados espaciais antárticos. Os resultados mostraram que o Plano Decenal para a Ciência Antártica 2023-2032 propõe, para melhoria contínua da gestão da pesquisa nacional, estabelecer um guia orientador de gestão de dados, alinhado às melhores práticas internacionais, e facilitar acesso aos resultados e aos dados de pesquisa, conforme os princípios FAIR (encontrabilidade, acessibilidade, interoperabilidade e usabilidade). No entanto, não há propostas específicas de padronização dos dados espaciais antárticos ou modelos conceituais para as subclasses temáticas do mapeamento antártico (como glaciologia e geomorfologia glacial), tampouco há uma instituição responsável pela elaboração de especificações técnicas e de gestão da geoinformação antártica. Destarte, sugere-se que sejam analisadas as estruturas de padronização e gestão de dados geoespaciais antárticos de outros países signatários do Tratado Antártico, bem como recomenda-se, tal qual preconiza o Plano de Ação para Implantação da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais, que seja determinado algum órgão brasileiro como responsável pela gestão desses dados, assim como ocorre com o mapeamento brasileiro das classes temáticas de geologia e geomorfologia.
Palavras-chave
infraestrutura de dados espaciais; geoinformação; dados científicos.