Este projeto tem por objetivo articular ensino, pesquisa e extensão para criar espaços de trocas de produtos, serviços e saberes com base nos princípios da economia solidária e promover estudos sobre ela, dentro e fora de sala de aula. Busca-se criar e concretizar, ao longo do ano, experiências comerciais sem uso da moeda oficial brasileira e onde as ideias de lucro, acumulação e competição são substituídas pelas de solidariedade e cooperação. Com isso, pretende-se ampliar as discussões e o conhecimento acerca de trabalho/renda/consumo e de economia solidária no Brasil, ao mesmo tempo em que se vivencia uma prática. Isso é importante porque na atual conjuntura de crises, faz-se necessário a busca de alternativas estratégicas visando uma sociedade mais justa. Historicamente, de forma geral, a economia solidária ganha espaço em tempos de crise e, no Brasil, não é diferente. Ela tem crescido de maneira rápida desde os anos 1990, como resposta ao desemprego em massa e às novas estruturações da organização do trabalho (LAVILLE e GAIGER, 2009). Nesse sentido, a economia solidária caracteriza-se como forma de resistência dos trabalhadores à exclusão do mercado formal de emprego. Além da luta individual pela sobrevivência, essa resistência também se manifesta sob forma de iniciativas associativas e solidárias, baseadas em valores opostos aos da economia capitalista. Entende-se que é também papel das instituições educacionais, que preparam jovens e adultos, a disseminação, discussão e divulgação dessas estratégias/ideias e formas de resistência, de trabalho e renda. Sendo assim, o “Projeto Trocas Solidárias” traz para a esfera do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, campus Porto Alegre, e sua comunidade, debate tão atual quanto necessário. A proposta decorre de discussões realizadas em componentes curriculares de cursos diversos. A essas discussões desenvolvidas em aula, se articulam: a feira de troca de produtos, saberes e serviços; o grupo de pesquisa e estudo sobre economia solidária e temas correlatos, incluindo estudo acerca do descarte correto de resíduos. Como dados parciais resultantes da 6ª edição da Feira de Trocas, ocorrida em junho de 2019, podemos apontar uma majoritária presença feminina, jovem, com ampla participação da comunidade interna e significativa participação da comunidade externa; o aumento da oferta de saberes e dos dias da feira. Ainda, cerca de 80% do público se mostrou muito muito satisfeito com as trocas de serviços e saberes. Com relação aos resíduos, os eletrônicos foram direcionados ao Desafio Sustentável do IFRS, e o óleo de cozinha virou sabão para limpeza do próprio campus. As atividades do projeto até agora realizadas proporcionaram a certeza de que estamos incentivando a solidariedade, a cooperação, a desconstrução de hábitos consumistas e o maior respeito às questões ambientais.