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O consumo da literatura sul-rio-grandense contemporânea por leitores gaúchos
João Victor Martins Castello, Magali Lippert da Silva Almeida

Última alteração: 14-10-2019

Resumo


O estudo aqui apresentado busca esmiuçar o papel das leituras obrigatórias do vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul para a constituição do que é e o que não é lido da literatura sul-rio-grandense contemporânea por leitores gaúchos. Parte-se da conclusão de um mapeamento da produção literária sul-rio-grandense contemporânea realizado pelos pesquisadores do grupo LEIA/UFRGS e IFRS entre os anos de 2016 e 2018 que identificou todos os escritores de literatura sul-rio-grandense que publicaram entre os anos de 1976-2016. Chegou-se, neste mapeamento, ao número de 939 escritores que publicaram em diferentes gêneros. Isto instigou os pesquisadores a, em novo projeto, investigar o consumo da literatura produzida no Rio Grande do Sul pelos leitores do próprio Estado. Visando responder tal questão, aplicamos, no Campus do Vale da UFRGS, um questionário composto por perguntas abertas e fechadas que fornecesse dados que dessem subsídios para uma análise dos hábitos de leitura e do repertório de conhecimento dos leitores no que diz respeito aos autores sul-rio-grandenses contemporâneos e suas publicações. Caracteriza-se assim a natureza exploratória com amostra não-probabilística intencional por acessibilidade de nossa pesquisa. Obtivemos um total de 50 respostas. Após esta coleta, levantou-se o nome de todos os escritores listados nas leituras obrigatórias dos últimos cinco anos (2014-2019). Observou-se que os escritores mais citados e lidos também apareceram nas listas de leituras obrigatórias para o vestibular da UFRGS. Exemplo foi Moacyr Scliar, leitura obrigatória de 2014, que nas questões “Cite até 5 autores de literatura sul-rio-grandense contemporânea” e “Dos escritores citados, diga quais você já leu”, foi citado 11 vezes e lido 6. Com a exceção de Luís Fernando Veríssimo, que foi citado 13 vezes e lido 12 (devendo esta popularidade à sua projeção nacional e atuação jornalística), escritores gaúchos contemporâneos que não foram listados como leitura obrigatória no vestibular da UFRGS nestes anos obtiveram pouca ou nenhuma leitura. Natália Borges Polesso, escritora gaúcha que vem atualmente obtendo renome no país, foi citada apenas 3 vezes e lida 2, por exemplo. Com estes dados em mãos, observa-se que, no Rio Grande do Sul, a partir da decisão das leituras obrigatórias, a UFRGS constrói uma espécie de cânone regional que será lido pela atual geração intelectual e transmitido para a seguinte. Dessa forma as leituras obrigatórias do vestibular da UFRGS atuam como um dos pilares da popularidade, do renome, da canonização e da efetiva leitura de escritores sul-rio-grandenses por leitores gaúchos.


Palavras-chave


Literatura; Leitura; Biblioteconomia

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